O presidente Lula criticou candidatos “outsiders” que disputam a prefeitura de São Paulo nesta eleição. A crítica foi feita durante sua participação em um comício do candidato à prefeitura Guilherme Boulos, neste sábado 24. Apesar de não nomear o alvo, o recado do petista tinha um destinatário claro: o coach Pablo Marçal, que se orgulha do título de “anti-sistema” nos seus materiais de campanha.
Segundo Lula, aqueles que costumam entoar esse título de “outsider” pouco duram no cargo, seja por episódios de corrupção ou por não terem apreço ao sistema democrático do País. O presidente comparou esse tipo de candidato com “raposas querendo cuidar de um galinheiro”.
“Pelo amor de Deus, a gente não pode olhar uma raposa e achar que ela vai tomar conta de um galinheiro. A raposa pode ser simpática e cantar como uma galinha depois que põe o ovo, mas, se colocar a raposa no galinheiro, vai acordar de manhã e não vai ter nem raposa e nem galinha”, iniciou Lula.
“Eu estou vendo a campanha em São Paulo e tem pessoas dizendo: ‘eu não sou da política’, ‘aquele político não presta, é ladrão’, ‘vote em mim porque eu não sou da política e por isso sou honesto’. Ora, Jânio Quadros dizia isso e só durou 6 meses na Presidência. O Collor de Melo dizia isso e só durou 2 anos. O que nós precisamos, de fato e de direito, é o seguinte: votar no Boulos porque ele é da política, tem partido e, quem tem partido, tem compromisso”, finalizou.
Para Lula, o que “está em jogo nessa disputa entre Boulos, Ricardo Nunes e Marçal é a sobrevivência ou não da Democracia no País”. Nesse ponto, o petista comparou o pleito municipal à disputa presidencial em 2022, quando venceu o então presidente Jair Bolsonaro.
‘Boulos é o candidato do PT’
No discurso, Lula destacou também o fato de, pela primeira vez, não pedir votos para um candidato do PT em São Paulo. Ele disse, porém, ter “muito orgulho” de ter aceitado a aliança inédita na cidade:
“Com muito orgulho, estou pela primeira vez na cidade de São Paulo pedindo voto para um companheiro que não é do PT. E isso a gente só faz quando aprende, quando tem discernimento e quando deixa de pensar pequeno. Isso a gente só faz quando pensa nos interesses da maioria e não apenas nos nossos interesses pessoais e partidários”, explicou o presidente, que é fundador do PT.
“Então, a gente não tem que tratar o Boulos como candidato do PSOL. Ele é o candidato do PT, do PCdoB, do PSOL, do PDT, do PV…”, reforçou Lula.
‘Nunes incompetente’ e ‘Marçal bandido’
Diferentemente de Lula, Boulos optou por citar nominalmente os adversários. No discurso, ele mirou em Marçal e Nunes.
“Ali a gente tem um outro candidato que ganhou a vida dando golpe bancário em aposentado e aqui tem um candidato que com muito orgulho ganhou a vida como professor, na sala de aula”, disse em um primeiro momento sem citar Marçal.
“A gente tem dois candidatos que representam o que há de pior na política brasileira: o bolsonarismo. E, do lado de cá, a gente tem o time do melhor presidente da história”, continuou, também sem nomear Nunes.
Mais adiante, porém, optou por ser mais direto: “Eu não vou deixar um prefeito incompetente como Ricardo Nunes continuar naquela cadeira no ano que vem. E também não vou deixar um bandido como Pablo Marçal chegar perto da prefeitura de São Paulo”.