Diário Causa Operária: Quais as características dessas eleições municipais após a catástrofe que ocorreu no estado e que afetou particularmente Pelotas?
João: O que aconteceu é um prato cheio para radicalizar a luta contra o neoliberalismo no Estado, mostrando como é perverso os ataques ao povo por parte dessa gente, que “governa” tirando direitos dos trabalhadores e favorecendo toda as iniciativas em prol do privado, dos banqueiros, do agronegócio, da grande burguesia comercial e industrial. Além disso, é preciso demonstrar a solidariedade do povo ante o egoísmo do governo Leite e dos poderosos, que procuram tirar proveito das desgraças do povo.
DCO: Quem tem responsabilidade sobre as perdas de vidas e materiais? A culpa é das mudanças climáticas?
João: A responsabilidade é toda do governo, a prova disso é que o mesmo ficou completamente paralisado frente a catástrofe, demonstrando que tal como a burguesia ele se comportou como um feiticeiro neoliberal, ou seja, não sabia o que fazer diante do feitiço que ele provocou. Não tinha um plano B porque era impossível tê-lo depois de toda a destruição e ataques às proteções aos desastres naturais.
DCO: O que foi feito depois do desastre? Qual a situação atual?
João: Houve intervenção por parte do governo federal, isso salvou o apagão de Leite e amenizou a desgraça do povo. Do ponto de vista político, a intervenção foi apenas econômica, e a mobilização que deveria dar resultado, seria os movimentos de massas puxados pela esquerda, pelo Fora Leite. A situação agora começa a se reverter contra o próprio governo federal.
DCO: Diante de tudo isso, qual a importância dos Conselhos Populares que é parte do programa do PCO?
João: Os conselhos populares são decisivos, desde que eles próprios tenham uma vocação política. Essa posição é o próprio partido (PCO) que tem que dar, além da sua própria organização. Elevar a consciência também é papel nosso, pois a solidariedade e o humanismo, muitas vezes servem apenas ao acomodamento da situação, deixando os verdadeiros vilões do povo, passar com o lombo liso.
DCO: Quais outras propostas você destacaria?
João: O Fora Leite se destaca nas nossas propostas, pois é as tentativas de colocar os movimentos a não cair no canto da sereia desses governos antipovo. Outra proposta é o não pagamento das dívidas públicas, de não dar dinheiro algum para banqueiro. Além disso, a questão da legalização das ocupações urbanas, expropriar imóveis de capitalistas que vivem no recolhimento de rendas. Casa para quem precisa; contra qualquer repressão aos trabalhadores.
DCO: Por favor, se apresente contando um pouco da sua trajetória e a característica da candidatura do PCO na cidade, nessas eleições.
João: Sou militante comunista há quase 40 anos. Militei no movimento estudantil secundarista, universitário, em associação de moradores de bairro e atualmente no CPERS (Sindicato de Trabalhadores na Educação do RS). Nossa candidatura conta com o companheiro Jerônimo Colares como candidato a vice-prefeito, também um militante de mais de três décadas na esquerda.
É uma novidade em Pelotas que nunca teve uma candidatura de esquerda, fora o PT e o PSol. Por isso, esses setores da esquerda pequeno-burguesa tentaram nos acusar de “desunião da frente” ou de “abrir caminho para a direita e extrema-direita”. Isso não faz nenhum sentido, pois eles cresceram sempre se apresentando com candidaturas próprias. Agora que estão juntos, acham que são o que há de mais à esquerda no mundo. Outra coisa importante é que aqui só nós defendemos a resistência Palestina e o Hamas, o que cria constrangimento nos “democratas pequenos-burgueses”. Estamos limpando o terreno.