O presidente Lula (PT) comandou, nesta segunda-feira 8, uma reunião virtual com líderes do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de países convidados, como Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã e Arábia Saudita. A cúpula, organizada pelo Brasil durante sua presidência rotativa do bloco, teve duração de cerca de 1h30min.

Em seu discurso de abertura, Lula destacou que o mundo atravessa um momento de crescente instabilidade internacional, com crises econômicas, comerciais e políticas que “solapam de forma acelerada e irresponsável” os pilares da ordem global. O presidente não citou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas criticou práticas como chantagem tarifária, sanções extraterritoriais e divisão de países como estratégia de poder, reforçando que o Brics deve mostrar que “a cooperação supera qualquer forma de rivalidade”.

O encontro também discutiu a preparação para eventos internacionais importantes, como a 80ª Assembleia Geral da ONU, a COP30 em Belém e a Cúpula do G20, destacando a necessidade de fortalecer o multilateralismo e avançar em reformas nas instituições globais.

Lula defendeu que os países do bloco têm condições de liderar uma refundação do sistema multilateral de comércio, aproveitando a “complementaridade econômica” do grupo, que representa cerca de 40% do PIB global, 26% do comércio internacional e quase metade da população mundial. Ele também reforçou a importância de um Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado na COP30, e da construção de soluções diplomáticas para conflitos da Ucrânia e da Faixa de Gaza.

Lula também afirmou que a presença militar dos EUA no mar do Caribe é um “fator de tensão”: “A presença das Forças Armadas da maior potência no mar do Caribe é um fator de tensão incompatível com a vocação pacífica desta região”, disse. Deu a declaração em meio à disputa entre os norte-americanos e a Venezuela.

Segundo o governo brasileiro, a reunião não teve uma declaração oficial final, mas marcou a intenção de manter o Brics atuante como força de coordenação econômica e política no Sul Global, diante de desafios impostos por medidas unilaterais de grandes potências.

Participaram da cúpula virtual os líderes de China, Egito, Indonésia, Irã, Rússia, África do Sul, além do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, do chanceler da Índia e do vice-ministro das Relações Exteriores da Etiópia.

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Last Update: 08/09/2025