A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro reconheceu que houve falhas na atuação do laboratório responsável por testes de sangue nos órgãos infectados pelo vírus HIV, recebidos por pacientes transplantados no Rio de Janeiro. 

Por meio da Fundação Saúde, a pasta fez uma sindicância para apurar o caso. O resultado da investigação foi revelado pelo jornal O Globo nesta quinta-feira 30. Segundo o documento, falhas aconteceram da coleta do sangue à fiscalização no laboratório. A sindicância, porém, evitou apontar a responsabilidade específica dos agentes ligados ao estabelecimento.

Segundo o documento, “as falhas observadas são de natureza sistêmica e multicasual, exigindo medidas corretivas amplas e detalhadas”. A sindicância constatou, por exemplo, que o Programa de Transplantes agiu acreditando que duas amostras de sangue tinham sido tiradas de um doador e encaminhadas ao instituto estadual de Hematologia para armazenagem, enquanto outras tinham sido enviadas ao laboratório PCs Lab Saleme para testes.

No entanto, o instituto de hematologia confirmou que recebeu apenas uma das amostras. Segundo a Fundação Saúde, o erro “aponta para um risco de troca de amostras”.

“Essa situação revela fragilidades nos processos de coleta e identificação, cruciais para evitar trocas de amostras e garantir a segurança do processo de doação de órgãos”, diz um trecho do documento citado pelo jornal. “A falta de supervisão nos pontos críticos de coleta e transporte aumenta o potencial para falhas significativas”, indica ainda o relatório.

Durante o processo de avaliação do material doado, houve também falha na identificação e rastreabilidade das amostras de sangue dos doadores. Também não houve supervisão do processo por qualquer representante da Central de Transplantes.

A sindicância não apontou quais ações individuais resultaram na infecção dos órgãos doados aos pacientes, mas pessoas envolvidas no caso, como o sócio do laboratório, Walter Vieira, foram presas preventivamente no curso das investigações.

Relembre o caso

O caso, revelado em outubro de 2024, é inédito no País. Ele envolveu o laboratório PCS Saleme, que emitiu laudos que diziam que dois doadores não tinham HIV, quando eram positivos para o vírus. O erro levou à infecção de seis pessoas que receberam os órgãos.

Desde então, órgãos investigativos, como o Ministérios Público (MP), e entidades de classe, como o Conselho Regional de Farmácia do estado do Rio (CRF-RJ), passaram a apurar o caso. O CRF-RJ, por exemplo, confirmou que o laboratório não tinha registro junto ao conselho, assim como não contava com farmacêuticos registrados.

Walter Vieira, que chegou a ser preso e liberado, responde na Justiça. Recentemente, ele foi reconduzido ao cargo de ginecologista e obstetra da prefeitura de Nova Iguaçu (RJ).

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Last Update: 30/01/2025