Na última quinta-feira (19), um homem ainda não identificado foi brutalmente assassinado no bairro Portão, em Curitiba, após ser flagrado furtando chocolates em uma unidade da rede de supermercado local Muffato. Abordado por seguranças, a vítima foi imobilizada com um golpe de “mata-leão”, perdendo a consciência e morrendo no local, em um episódio que escancara a crueldade do sistema repressivo no Brasil, dedicado a esmagar os trabalhadores e a população negra, em geral.
Após o brutal assassinato, a rede de supermercados Muffato divulgou um comunicado, se distanciando do crime. A empresa qualificou o episódio como “um fato grave” e afirmou seu compromisso com “valores éticos”, acrescentando também:
“Quanto a participação dos envolvidos, ainda sob investigação, ressaltamos que a empresa não orienta, autoriza ou tolera qualquer ação fora dos seus protocolos operacionais de segurança e princípios institucionais. A conduta em apuração não reflete, sob nenhuma hipótese, os valores que defendemos.”
O caso de Curitiba, porém, é apenas o último de uma tradição macabra nas redes de supermercado, onde os assassinatos estão se tornando comum. Nos últimos cinco anos, o Brasil registrou casos marcantes de violência letal cometida por seguranças de supermercados, com destaque para o assassinato de João Alberto Silveira Freitas em 2020, brutalmente espancado por seguranças do Carrefour em Porto Alegre, e a morte de Pedro Henrique Gonzaga em 2019, estrangulado por um segurança do supermercado Extra no Rio de Janeiro, além da tortura de um adolescente negro flagrado furtando chocolate no supermercado Ricoy, em São Paulo, também em 2019.
Esses episódios demonstram o quão urgente se tornou a luta para que a população tenha o direito inalienável à autodefesa armada. Somente com a organização e a capacidade de se defender das ameaças que sofrem diariamente, seja da violência policial, dos seguranças privados ou dos criminosos comuns, será possível ao povo negro enfrentar a brutalidade do Estado.