Secretário de Defesa dos EUA afirma que país não arcará mais sozinho com segurança da Europa

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta quarta-feira, 23, que os Estados Unidos não pretendem mais ser os únicos responsáveis pela segurança da Europa. A declaração foi feita durante apresentação na Escola de Guerra do Exército dos EUA e repercutida pela Sputnik Internacional.

Segundo Hegseth, a posição de Washington sobre a política de segurança transatlântica passa por uma mudança. “O tempo de os Estados Unidos serem os únicos garantidores da segurança europeia já passou”, disse o secretário.

A fala reforça o discurso adotado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que tem cobrado aumento nos investimentos militares por parte dos países europeus integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Durante a apresentação, Hegseth destacou que os aliados europeus devem assumir maior protagonismo na defesa do continente e reiterou a necessidade de ampliação dos gastos militares.

“Fizemos o mesmo apelo aos nossos aliados. Dois por cento [de gastos com defesa] não são suficientes, considerando a ameaça que vocês enfrentam”, afirmou.

As declarações seguem a linha adotada por Trump, que ao longo de seu mandato tem criticado a dependência dos aliados europeus em relação à proteção militar fornecida pelos Estados Unidos.

O presidente norte-americano tem defendido que os países-membros da OTAN aumentem seus investimentos em defesa para além da meta estabelecida de 2% do Produto Interno Bruto (PIB).

O tema dos gastos militares no âmbito da OTAN é recorrente nas discussões entre os países-membros da aliança. A pressão norte-americana para que os aliados ampliem os orçamentos destinados à área de defesa é justificada pelo governo dos Estados Unidos como uma necessidade diante do cenário de instabilidade e das ameaças identificadas na região.

As afirmações de Hegseth ocorrem em meio ao prolongamento da guerra na Ucrânia, conflito que mantém a tensão elevada na Europa e reforça o debate sobre a necessidade de fortalecimento das capacidades militares dos países europeus. O governo norte-americano tem reiterado a defesa de uma maior autonomia dos aliados europeus na gestão da segurança regional.

A cobrança por aumento nos gastos em defesa também se insere em uma estratégia mais ampla dos Estados Unidos de reorientar seus recursos estratégicos para outras regiões do globo. O Indo-Pacífico tem sido apontado como prioridade na política externa norte-americana, em razão da disputa geopolítica com a China.

A declaração do secretário de Defesa dos Estados Unidos reacende o debate sobre o equilíbrio de responsabilidades entre os países-membros da OTAN.

A aliança, formada atualmente por 32 países, prevê a defesa coletiva de seus integrantes, mas a participação de cada membro em termos de investimentos militares tem sido tema de divergências desde a criação da organização.

Hegseth afirmou que a atual configuração da segurança europeia precisa ser revista para que os países da região ampliem sua participação e reduzam a dependência em relação aos Estados Unidos. O secretário defendeu que os aliados europeus ajustem suas políticas de defesa às novas exigências do cenário internacional.

As falas do representante norte-americano ocorrem em um contexto de redefinição das prioridades de segurança global dos Estados Unidos. Com o avanço das tensões no Indo-Pacífico e a intensificação da disputa estratégica com a China, Washington tem buscado redistribuir seu foco e seus recursos para diferentes pontos do mapa geopolítico.

A relação entre os Estados Unidos e os aliados europeus dentro da OTAN tem sido marcada por negociações em torno das metas de gastos com defesa.

A aliança estabelece que os países-membros devem investir pelo menos 2% do PIB na área militar, mas nem todos os integrantes cumprem esse compromisso. A cobrança por parte de Washington tem sido frequente, com apelos para que as nações ampliem os recursos destinados ao setor.

A posição manifestada por Hegseth sinaliza a continuidade da política norte-americana de exigir maior contribuição financeira dos parceiros europeus para o fortalecimento da aliança.

A OTAN, criada em 1949, tem como princípio central a defesa coletiva, prevista no artigo 5º de seu tratado fundador, mas a distribuição das responsabilidades entre os membros tem sido tema de debates internos.

O governo dos Estados Unidos argumenta que a segurança da Europa não pode depender exclusivamente da atuação norte-americana, especialmente em um cenário marcado por múltiplas ameaças e por uma ordem internacional em transformação.

O discurso de Hegseth, nesse sentido, reafirma a expectativa de Washington de que os aliados europeus compartilhem de forma mais equitativa os encargos relacionados à defesa regional.

Até o momento, os governos europeus não se manifestaram oficialmente sobre as declarações do secretário de Defesa dos Estados Unidos. O tema deve permanecer em pauta nas próximas reuniões da OTAN, que têm discutido a atualização das estratégias de segurança e a revisão dos compromissos financeiros dos países-membros.

A posição expressa por Hegseth reflete um movimento de ajuste nas relações entre os Estados Unidos e seus parceiros europeus, em um cenário internacional marcado por conflitos prolongados, tensões geopolíticas e disputas por influência entre potências globais.

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