A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados anunciou que vai acionar a Corregedoria Parlamentar em busca de “medidas cabíveis” após os ataques de parlamentares à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara na quarta-feira 2.

Durante a audiência, Marina foi alvo de ataques de diferentes parlamentares. Um deles, Evair Vieira de Melo (PP-ES) chamou a ministra de “adestrada” e “mal-educada”; disse ainda que ela “nunca trabalhou” e “não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho”. Ainda comparou a atuação de Marina as dos grupos Farc, Hamas e Hezbollah.

Foram justamente as manifestações de Vieira que motivaram a reação da Secretaria da Mulher, que afirmou que a ministra “foi ofendida pelo deputado Evair Vieira de Melo de forma desrespeitosa e incompatível com os princípios democráticos e com o decoro parlamentar que devem nortear os trabalhos desta Casa”.

“É urgente interromper a escalada de casos de violência política de gênero que têm ocorrido nas esferas federal, estadual e municipal, com o objetivo claro de intimidar e silenciar mulheres que ocupam posições de liderança”, afirmou a Secretaria, em nota publicada nas redes sociais.

A Corregedoria Parlamentar tem a responsabilidade de buscar “decoro, ordem e disciplina” na Câmara, e pode promover sindicâncias ou inquéritos para apuração de “notícias de ilícitos” que envolvam deputados. O colegiado, atualmente, é comandado pelo deputado Diego Coronel (PSD-BA).

Outros ataques

Apesar de a Secretaria da Mulher ter citado nominalmente os ataques de Evair Vieira de Mello contra Marina, a ministra foi alvo de outras agressões de parlamentares durante a sessão da última quarta-feira.

O deputado Zé Trovão (PL-SC), por exemplo, disse que Marina é uma “vergonha como ministra”, e que o presidente Lula (PT) “não tem apreço por ela”. Já o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) sugeriu que a ministra pedisse demissão. O deputado Cabo Gilberto (PL-PB), por sua vez, tentou interromper a ministra dizendo para ela ter “calma”, em um momento que foi interpretado por Marina como tentativa de silenciamento.

Durante a sessão, Marina rebateu os ataques e disse que pediu a Deus para ter calma. “Hoje de manhã eu fiz uma longa oração e pedi a Deus para me dar calma… Acho que Deus me ouviu, porque eu estou em paz”, disse, durante a sessão. 

A ministra também apontou o machismo presente nas interrupções: “Se fosse um homem falando como estou falando, não estariam dizendo que é mal-educado. Mas, porque é uma mulher, tem que ouvir que é mal-educada.”

O episódio sucede outro momentorealizado em maio no Senado, quando Marina abandonou uma audiência após ofensas, incluindo a afirmação de que “a ministra não merece respeito”.

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Last Update: 03/07/2025