O posicionamento mais restrito da opinião pública e do mercado com relação a governos progressistas é cientificamente comprovado, como explica o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

“Tem estudos mostrando que as próprias agências de risco internacionais – são três grandes agências de risco (Moody’s, S&P e Fitch Ratings) – são mais permissivas com governos ultraconservadores do que com governos que procuram preservar a questão social, preservar a proteção social dos mais vulneráveis”, diz Haddad, em entrevista ao canal ICL Notícias.

Apesar desse cenário, o ministro reafirma que “ninguém” do governo é ingênuo ao ponto de não reconhecer os desafios impostos ao longo dos mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Nós assumimos em 2003 com uma dívida líquida igual a atual, com uma Selic de 25% e uma inflação de 12%”, explica o ministro, lembrando do período pós-Fernando Henrique Cardoso.

“Não é em um passe de mágica que você resolve o problema – Fernando Henrique entregou um superavit primário, Justiça seja feita. (FHC) entregou apesar da Selic e a inflação estarem descontroladas, mas você tinha uma base ali”, pontua. “Mas uma dívida externa com a FMI maluca, não tinha reservas internacionais, não existe passe de mágica”.

Trabalho em conjunto

De acordo com Haddad, é possível fazer o país crescer com trabalho sério e apoio do Congresso e do Judiciário, pois é fundamental que os Três Poderes trabalhem juntos”.

“Se começar a ter decisão judicial, como aconteceu na tese do século, por exemplo, em que o governo Temer cochilou, não fez absolutamente nada em uma questão que valia R$ 1 trilhão, que é a questão do PIS/Cofins, hoje a dívida brasileira seria 10% do PIB menor se um voto tivesse sido mudado no Supremo Tribunal Federal – ao invés de seis a cinco contra, fosse seis a cinco a favor da União”, disse o ministro, ressaltando que o mercado não precificou isso e a cotação do dólar e o juro não se alteraram.

Haddad reiterou seu otimismo com a retomada da economia brasileira, em um cenário onde o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor acumulado nos últimos 12 meses é de 4,56% e a taxa Selic está fixada em 13,25%.

“Aprovado o Orçamento, no médio prazo teremos taxas de juros menores, sem penalizar a população, incluindo os produtores, que dependem do Estado”, disse o ministro, ressaltando que a peça orçamentária enviada ao Congresso é equilibrada e dá condição ao crescimento sustentável. “Está pronto para ser aprovado”, garante.

Leia Também

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 22/02/2025