O deputado Arthur Lira (PP-AL), que comandou a Câmara até fevereiro deste ano, não será ministro do governo Lula (PT) se a decisão depender do aval do presidente do seu partido, o PP. A declaração foi dada pelo próprio chefe da sigla, o senador Ciro Nogueira, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quinta-feira 27.
“Se depender de mim, não”, respondeu o cacique do Centrão ao ser questionado sobre a entrada do deputado no governo Lula.
Lira, mesmo antes de deixar o comando da Câmara, tem sido aventado como um forte candidato a ocupar um cargo na Esplanada neste segundo tempo de governo Lula III. A leitura é a de que o político seria peça-chave para dar mais governabilidade ao petista, que atravessa uma crise de popularidade neste terceiro ano de mandato.
Até aqui, o próprio deputado desconversou sobre a possibilidade, mas Lula e aliados já indicaram que o parlamentar ‘tem tamanho’ para ser ministro. A reforma no governo, importante registrar, já começou com a saída de Nísia Trindade da Saúde e ganhará força após o Carnaval, quando Lula deve nomear o seu próximo articulador político, no lugar de Alexandre Padilha, que ficou com a vaga de Nísia. PT e Centrão disputam o ‘trono vago’, conforme mostrou CartaCapital.
Nogueira, porém, defende que não só Lira não entre no governo, como também seu partido abra mão da cadeira que ocupa atualmente, com André Fufuca, no Ministério do Esporte.
“Não queria, mas está muito próximo de termos de reunir o partido e tomar uma decisão definitiva de desembarcar [do governo]”, afirmou o presidente do PP. “Gosto muito do ministro Fufuca, mas, se o governo não tiver uma mudança radical de rumos para o país, não tem nem como a gente, daqui a pouco, permitir que os membros do partido participem”, completou.
Segundo Nogueira, que é ex-ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), se o PP desembarcar do governo, na sua visão, é questão de tempo para que outros partidos do Centrão ‘abandonem’ Lula.
“Se eu desembarco hoje, o União Brasil pode vir junto, o Marcos Pereira [presidente do Republicanos] é difícil ficar sozinho lá dentro. E eu não sei se o [Gilberto] Kassab [presidente do PSD] fica”, avaliou.
Segundo o senador, uma saída para a questão é Lula se colocar fora da disputa eleitoral de 2026. A atitude, argumenta, poderia acalmar os ânimos do Centrão. “O ideal é dar governabilidade ao país para a gente fazer uma transição. Se eu fosse o presidente Lula, o mais rapidamente possível, eu anunciava que não era candidato e virava essa página”, comentou o político ao jornal.