O bem-estar psicológico dos funcionários ganhou espaço nas estratégias de retenção de talentos em empresas de diversos setores.
Em um ambiente corporativo cada vez mais exigente, organizações que investem em saúde emocional têm reduzido a rotatividade e ampliado a produtividade.
Segundo Leonardo Loureiro, especialista em gestão emocional e educação empresarial, o esgotamento mental deve ser tratado como uma questão coletiva.
“O desgaste emocional não é individual. Ele afeta o ambiente como um todo e aparece com sinais claros”, afirma.
Entre os sinais mais comuns estão a queda na produtividade, conflitos recorrentes, aumento do absenteísmo e o desengajamento generalizado.
Transtornos mentais lideram os afastamentos por doenças
Dados do Ministério da Saúde, divulgados em março de 2024, mostram que transtornos mentais e comportamentais lideraram os afastamentos por doenças.
No primeiro bimestre do ano, esses transtornos responderam por 47,2% dos afastamentos registrados no país.
Esse impacto não se limita à saúde dos trabalhadores. Ele compromete também a permanência dos profissionais nas empresas.
A falta de apoio emocional no ambiente de trabalho tem se mostrado um dos principais fatores de saída.
Programas estruturados aumentam retenção de talentos
Segundo levantamento da ABRH, publicado em fevereiro de 2024, empresas com ações estruturadas de saúde emocional retêm 42% mais talentos.
Além disso, o mesmo estudo mostra que 68% dos profissionais consideram o cuidado com a saúde mental como fator decisivo para permanecer no emprego.
Leonardo Loureiro reforça essa percepção. “As pessoas não deixam empresas. Elas deixam ambientes tóxicos e lideranças que não as escutam”, afirma.
Quando um trabalhador sente segurança para compartilhar dificuldades emocionais, o vínculo com a empresa se fortalece.
Resultados incluem queda na rotatividade e ganho de produtividade
Um estudo do Sebrae com pequenas e médias empresas, realizado em janeiro de 2024, confirma a tendência.
As empresas que implantaram programas de saúde emocional reduziram a rotatividade em 31% e aumentaram a produtividade em 26%.
Esses números reforçam a importância de políticas permanentes, mesmo em estruturas empresariais de menor porte.
Além disso, o impacto financeiro da rotatividade é alto. Segundo a Fundação Instituto de Administração (FIA), substituir um funcionário pode custar até 150% do salário anual.
O valor inclui recrutamento, treinamento e tempo necessário para adaptação.
Escuta ativa, empatia e práticas institucionais definem o ambiente
Para Leonardo Loureiro, construir um ambiente emocionalmente saudável requer três frentes de atuação.
A primeira é a escuta ativa, que reconhece sentimentos e preocupações sem julgamento.
A segunda é a empatia nas lideranças, que influencia o comportamento de toda a equipe.
Por fim, estão as práticas institucionais, que transformam intenções em ações com impacto real no cotidiano.
Cuidar da saúde emocional é decisão estratégica
De acordo com Loureiro, o cuidado com o emocional deve ser tratado como parte da estratégia de negócios.
Empresas que valorizam esse aspecto conseguem atrair e manter os melhores profissionais, com ganhos consistentes de desempenho.
“O cuidado emocional não é só responsabilidade social. Ele define a competitividade no mercado”, afirma o especialista.