Nessa segunda-feira (15), aconteceu a 1a Plenária Internacional Antifascista de São Paulo. Realizada na sede do Movimento Torcidas Antifascistas, na capital paulista, a plenária criou o Núcleo São Paulo da Internacional Antifascista Capítulo Brasil.
A criação do Núcleo São Paulo faz parte da expansão da Internacional Antifascista criada pelo presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, em 2024 e da Internacional Antifascista Capítulo Brasil criada em fevereiro de 2025 em Brasília – a qual também contou com a participação do Partido da Causa Operária (PCO).
O evento foi organizado por representantes oficiais da Internacional Antifascista Capítulo Brasil: Antônio Carlos Silva, da Executiva Nacional do PCO, e Pedro Batista, do Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima (DF).
Diversas organizações políticas participaram do evento, como os próprios Partido da Causa Operária e o Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima, o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, o Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, o Movimento Brasileiro de Solidariedade a Cuba, a Ação Antifascista de São Paulo, a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, a Unidade Popular (UP), o Coletivo da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), além de militantes individuais da luta antifascista da cidade de São Paulo.
Antônio Carlos iniciou o evento discutindo a situação política nacional e internacional:
“Como dizia o Malcolm X, se a gente acreditar naquilo que diz a imprensa capitalista, nós vamos amar os nossos inimigos e odiar os nossos companheiros. Se acreditamos na imprensa capitalista, vamos acreditar que um fascista, como Alexandre de Moraes, é agora um defensor da democracia (…). Vamos acreditar que Macron, que ameaçou o mundo com uma bomba atômica e quer continuar a guerra na Europa, é um defensor da paz – tem gente até na esquerda no Brasil que acredita nisto”.
Antônio Carlos expressou de forma clara quem são os verdadeiros fascistas e o motivo pelo qual, na atual situação política, se faz tão necessária uma luta contra o fascismo:
“Nós estamos numa situação de profunda crise do capitalismo. Não é Trump, não é Bolsonaro. É o esgotamento de um regime podre de escravização que só consegue se manter – como estamos vendo na etapa atual – através do aumento da repressão, da força, dos golpes e da guerra. A Internacional Antifascista surge não para lutar contra um fascismo de brincadeira, mas contra aquilo que é a repressão de verdade”.
O membro da Executiva do PCO apontou também a hipocrisia de setores da esquerda brasileira que pediram as atas das eleições na Venezuela, uma eleição marcada pela vitória do povo venezuelano contra o verdadeiro fascismo, mas que aceitou de imediato o golpe dado na eleição no Equador, onde uma candidata da esquerda teve mais de 500.000 votos roubados no segundo turno:
“O fascismo apoiado por quase todo mundo é o sionismo que está matando na Palestina, que já levou a morte mais de 63.000 pessoas. É preciso organizar um movimento de luta contra aquilo que é a expressão mais pura do capitalismo: o imperialismo. Lutar hoje contra o fascismo, contra o sionismo, contra a direita, é lutar contra o imperialismo”, afirmou Antônio Carlos.
Pedro Batista afirmou também a importância da criação do Núcleo Antifascista de São Paulo em uma declaração exclusiva para o Diário da Causa Operária:
“A reunião em São Paulo reafirmou a importância da criação da Internacional Antifascista, capítulo Brasil, como uma articulação para combater o fascismo, o nazismo e o sionismo em território brasileiro e à nível mundial.
Combater o nazifascismo no Brasil, diante da crescente disseminação de fake news, é fundamental para fortalecer à luta anti-imperialista”.
Outro membro da direção do PCO, Francisco Muniz, também realizou uma fala durante o evento. Iniciou seu discurso afirmando que, no Brasil, “temos uma sociedade que a censura é a regra”. Citou o próprio caso, em que está sendo processado por defender a resistência palestina, e o caso de Lucas Passos.
Muniz saudou a Internacional Antifascista, pois “é nas ruas que a gente combate o fascismo, não é através da polícia, não é através do judiciário tão fascista quanto, não é através do aparato de repressão do Estado”.
Para o Diário da Causa Operária, Muniz realizou um balanço sobre a importância do evento:
“Foi muito positiva a iniciativa de se estabelecer em São Paulo um núcleo da Frente Internacional Antifascista. As entidades ali presentes demonstraram disposição em colocar de lado as suas diferenças para poderem atuar juntas na luta contra o maior representante do fascismo nos dias atuais, que é o imperialismo. Foi aprovada a realização de um grande ato em São Paulo no dia 10 e maio, o qual será o grande eixo de mobilização desse próximo momento. Espero que todas as organizações ali presentes atuem em peso para que esse próximo evento seja o maior possível e dê início a uma grande jornada de lutas contra o imperialismo no Brasil e no mundo”.
Izadora Dias, do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, destacou a necessidade de o movimento internacional ser massificado e apontou para o fato de que a esquerda está dominada uma política totalmente sectária que não agrupa nenhum amplo setor da sociedade e, pelo contrário, afasta a classe trabalhadora.
“O identitarismo deixou de lado a luta de classes par impor um movimento que não tem a ver com os trabalhadores e com a população. É um movimento que, além de muito sectário, procura reprimir as pessoas, inclusive faz campanha de mais repressão (…) que já é altamente repressiva”.
“(…) a luta de esquerda precisa ter um amplo caráter. Deixar de lado as diferenças políticas, individuais, picuinhas, poque quano a esquerda for diretamtne atacada não vão fazer diferença quem é o PCO, quem é a UP, quem é o PSOL, quem é o PT; a esquerda vai ser derrotada como um todo”.
Em declaração ao Diário da Causa Operário, Antônio Carlos destacou a importância do evento para a luta antifascista paulista, brasileira e mundial e para a mobilização da luta antifascista no país:
“A atividade foi da maior importância, porque faz parte da inciativa adota pelo movimento em nível nacional de construir núcleos da Internacional Antifascista para agrupar a militância nas principais cidades do pais. Nada mais justo do que começar por São Paulo, a capital mais importante. No dia de hoje [16] vai acontecer a mesma iniciativa no Rio de Janeiro e estão sendo marcadas outras iniciativas. Além disso, foi importante para o debate político realizado no evento, em torno da crise do imperialismo e da confusão na esquerda. E se apontou uma perspectiva de mobilização, o ato do próximo dia 10 de maio em torno dos 80 anos da vitória contra o nazismo. Foi um importante passo a diante”.