Na última quinta-feira (15), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão foi tomada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, em meio a uma série de denúncias envolvendo corrupção, favorecimentos e suspeitas de falsificação de documentos.

Com o afastamento, o cartola Fernando Sarney — filho do ex-presidente da República José Sarney — foi nomeado interventor da CBF e convocou uma nova eleição para o domingo, 25 de maio. O processo, no entanto, já nasce como uma farsa: o candidato é único e seu nome, pouco conhecido fora dos bastidores, surge como produto direto do conchavo político entre federações, grupos de poder da entidade e setores do Judiciário. Trata-se de Samir Xaud, atual presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF).

Marcada por práticas políticas típicas entidade, a gestão de Rodrigues desmoronou após reportagens da Revista Piauí revelarem um esquema de favorecimento a aliados, perseguição de desafetos e a suposta falsificação de uma assinatura em apoio à sua permanência no cargo. As denúncias revelaram também uma relação promíscua entre o então presidente da CBF e o ministro do STF, Gilmar Mendes, que atuou diretamente para manter Ednaldo no comando da entidade até o início deste ano. Após a eleição desse domingo, não há

O futuro presidente da CBF é médico infectologista, Xaud tem 41 anos e uma trajetória que reflete o caráter oligárquico do futebol brasileiro: foi eleito em 2024 para o comando da FRF, substituindo seu pai, Zeca Xaud, que ocupou o cargo por mais de 40 anos. A federação de Roraima, como muitas outras no País, funciona como uma espécie de feudo familiar, com vínculos diretos com o coronelismo esportivo.

Samir Xaud chega à presidência da CBF com apoio maciço: conta com o respaldo de 25 das 27 federações estaduais, além de figuras poderosas dos bastidores, como o próprio Fernando Sarney, o advogado Flávio Zveiter (ex-presidente do STJD) e o ministro Gilmar Mendes.

A troca de comando, no entanto, não representa qualquer ruptura com o esquema histórico de dominação da CBF por grupos políticos e econômicos ligados às oligarquias nacionais. A estrutura permanece a mesma: antidemocrática, blindada e dirigida por figuras que não representam o futebol brasileiro, mas sim os interesses privados de empresários, políticos e dirigentes de carreira.

Com Samir Xaud, a CBF mantém sua tradição de ser um instrumento de poder nas mãos de cartolas e famílias que se revezam no comando do esporte mais popular do país. Enquanto isso, jogadores, torcedores, clubes pequenos e o futebol de base seguem excluídos.

A eleição marcada para o dia 25, com um único candidato, confirma o que já se sabe: a CBF não é um organismo democrático e tampouco representa os interesses do futebol brasileiro. É uma instituição capturada por interesses de cúpula, com o aval dos tribunais e das federações estaduais — quase todas também comandadas por estruturas viciadas e antipopulares.

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Last Update: 20/05/2025