Samih al-Qasim nasceu em 1939 na cidade de Zarqa, na Jordânia, em uma família árabe druza originária da vila de al-Rama, na Galileia Superior, então sob o Mandato Britânico. Seu pai, Muhammad al-Qasim al-Hussein, era natural de al-Rama, e sua mãe, Hana Shihadeh Muhammad Fayyad, também era de origem galileia. O casal teve sete filhos, entre eles Samih, que cresceu entre al-Rama e cidades da região norte da Palestina ocupada.

Em 1941, a família retornou a al-Rama, onde Samih iniciou sua formação escolar, frequentando a Escola das Freiras Latinas e, mais tarde, a Escola de al-Rama. A partir de 1953, estudou em Nazaré, no Terra Sancta College e, depois, na Escola Secundária Municipal, formando-se em 1957. Toda sua educação secundária foi realizada sob o regime de ocupação sionista, que havia se instalado após a criação da entidade sionista em 1948.

No final da década de 1950, Samih iniciou sua carreira como professor em escolas primárias da Galileia e do Monte Carmelo. Porém, foi demitido por ordem direta do ministro da Educação de “Israel”, sob a alegação de atividades literárias e políticas nacionalistas. Passou então por diversos trabalhos manuais e administrativos, entre eles operário industrial em Haifa, soldador auxiliar, frentista e inspetor de planejamento urbano em Nazaré.

Em 1958, com apenas 19 anos, Samih al-Qasim fundou a Organização da Juventude Druza pela Libertação (Free Druze Youth Organization), uma entidade semi-secreta que tinha por objetivo resistir à cooptação da comunidade druza pela ocupação sionista. Essa fundação ocorreu em um contexto de intensificação da política de divisão dos árabes por parte de “Israel”, que impôs o serviço militar obrigatório exclusivamente aos drusos em 1956.

Em 1960, Samih foi convocado à força para o exército sionista. Recusou-se a portar armas e a participar de ações militares, sendo encarcerado até que o comando aceitasse transferi-lo para funções não militares. Trabalhou como instrutor de soldados, depois como auxiliar em missões de enfermagem e, por fim, no necrotério do Hospital Rambam, em Haifa.

Além da militância, al-Qasim se destacou como poeta. Publicou seu primeiro livro, “Pageants of the Sun”, ainda em 1958. Sua segunda coletânea, “Songs of the Footpaths”, foi lançada em 1964. Ao longo da vida, publicou mais de 70 livros, incluindo poemas, peças e textos em prosa. Diversos poemas seus foram musicados e se tornaram populares em toda a região árabe.

Na década de 1960, passou a atuar como jornalista. Trabalhou para a revista al-Ghadd, editada em Haifa pelo Partido Comunista, e mais tarde tornou-se editor da versão árabe da revista HaOlam Hazeh, publicação hebraica da esquerda sionista. Após se desligar dessa revista, ingressou no jornal al-Ittihad, órgão oficial do Partido Comunista, com sede em Haifa.

Foi preso pela primeira vez em 5 de junho de 1967, no início da Guerra dos Seis Dias, enquanto se encontrava na redação do al-Ittihad. Detido na prisão de Damun, no Monte Carmelo, Samih solicitou, ainda sob custódia, sua filiação ao Partido Comunista, e anos mais tarde integrou o comitê central do partido.

Em 1968, participou do Festival Mundial da Juventude, em Sófia, na Bulgária, integrando uma delegação do Partido Comunista. Em 1971, estudou por um ano no Instituto de Ciências Sociais em Moscou.

Na década de 1970, fundou a editora Arabesque e dirigiu o Instituto de Artes Populares, ambos em Haifa. Presidiu por vários anos a União de Escritores Árabes de ‘Israel’ e tornou-se editor da revista al-Jadid, ligada ao Partido Comunista. Permaneceu à frente da publicação por uma década, mas renunciou ao cargo após divergências com a direção do partido, especialmente em relação à política de reformas promovida por Mikhail Gorbachev na União Soviética, da qual era defensor.

Em Nazaré, editou a revista Ida’at e colaborou como editor honorário do jornal Kull al-‘Arab. Participou da fundação da Frente Democrática para a Paz e Igualdade, foi membro do Comitê de Iniciativa Druza e do Comitê Nacional de Defesa das Terras Árabes, organizações que atuavam contra a expropriação de terras árabes e a segregação imposta pela ocupação.

Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, como a Medalha de Jerusalém para Cultura e Literatura, concedida por Yasser Arafat, o Prêmio Palestina de Poesia, o Prêmio Naguib Mahfouz concedido pela União dos Escritores Egípcios, e o prêmio do Festival Internacional de Granada, entre outros. Suas obras foram traduzidas para mais de dez idiomas.

Samih al-Qasim faleceu em 2014, no Hospital de Safad. Seu corpo foi transportado para al-Rama, onde milhares de pessoas, vindas de cidades e vilas árabes de toda a Palestina ocupada, compareceram ao funeral.

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Last Update: 23/05/2025