O governo brasileiro confirmou nesta quarta-feira (10) que o salário mínimo nacional terá aumento para R$ 1.621 em 2026, um reajuste de somente R$ 103 em relação ao valor vigente de R$1.518. Essa correção, que entrará em vigor a partir de janeiro, será refletida apenas nos pagamentos de fevereiro, resulta da soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) (4,4% acumulada em 12 meses até novembro) com um ganho real limitado a 2,5% pelo arcabouço fiscal, apesar do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 ter registrado expansão de 3,4%.
A decisão atinge diretamente 59,9 milhões de pessoas, abrangendo trabalhadores formais no piso salarial, aposentados, pensionistas, beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e abono salarial, elevando as despesas obrigatórias do governo federal em aproximadamente R$ 43,2 bilhões – calculados a R$ 420 milhões para cada R$ 1 de aumento.
Considerando que o governo paga aos bancos aproximadamente R$ 7 bilhões diários de juros de uma dívida pública criminosa, se o governo ficasse uma semana sem pagar esses juros abusivos, cobriria os R$ 43,2 bilhões e ainda sobraria dinheiro.
Por falar em bancos e crimes, o Copom (Comitê de Política Orçamentária) do Banco Central do Brasil, manteve pela 4ª vez consecutiva a taxa básica de juros a 15% ao ano, a Selic tem os valores mais elevados dos últimos 20 anos, mesmo com a economia retraindo, garantindo assim ainda mais dinheiro público jorrando para os bolsos dos parasitas do sistema financeiro.
O anúncio reacende críticas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) ao baixo valor do salário mínimo brasileiro, que falha em atender à Constituição Federal, a qual determina que o piso deve suprir despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em novembro de 2025, o Dieese estimou o salário mínimo ideal em R$ 7.067,18 para uma família de quatro pessoas – 4,66 vezes o piso atual de R$ 1.518 –, e mesmo com o novo valor de R$ 1.621, a disparidade cai para cerca de 4,36 vezes, perpetuando a vulnerabilidade de milhões de lares de baixa renda.
Economistas ligados ao órgão destacam que reajustes limitados pelo teto fiscal ignoram a escalada do custo de vida, onde itens essenciais como cesta básica, aluguéis e energia elétrica consomem 70-80% do salário, forçando famílias a recorrer a endividamento, informalidade ou cortes drásticos em necessidades básicas. Corrigir o salário mínimo pela inflação é apenas uma enganação. A conta de luz, por exemplo, fechará o ano com um aumento médio de 7%, quase o dobro dos 4,4%.
Em 2025, o custo de vida no Brasil continua a corroer o poder de compra dos trabalhadores: aluguéis em grandes centros subiram até 13,5% em 2024 (superando a inflação geral), planos de saúde registraram aumentos de até 14%, e tarifas de transporte público foram reajustadas em diversas capitais, enquanto a cesta básica em São Paulo ultrapassa R$ 800 mensais. Para um trabalhador no mínimo, isso significa que o salário cobre apenas 25-30% das despesas familiares essenciais, agravando a pobreza que atinge grande parte dos lares brasileiros e ampliando desigualdades econômicas e sociais. Mesmo os economistas do Dieese argumentam que o modelo de correção atual, com ganho real capado, não beneficia quase em nada os mais pobres, priorizando controle fiscal sobre dignidade humana, a qualidade de vida, e a sobrevivência das famílias trabalhadoras, e demandam revisão para incluir PIB integral sem tetos artificiais.
O reajuste pressiona ainda mais os gastos discricionários do governo — despesas não obrigatórias por lei, que o governo pode ajustar anualmente no orçamento, reduzindo recursos para políticas públicas e alimentando propostas de economistas para desvincular benefícios previdenciários, abono e seguro-desemprego do salário mínimo, corrigindo-os apenas pela inflação – como ocorreu no governo anterior de Jair Bolsonaro – sob pretexto de conter a dívida pública e juros elevados que impactam o setor produtivo.
Sindicatos e movimentos sociais contrapõem, classificando tal medida como retrocesso, e defendem ganho real pleno pelo PIB para combater a inflação de alimentos (arroz e feijão em alta) e combustíveis, restaurando o poder de compra perdido ao longo de anos. Enquanto o governo equilibra o arcabouço fiscal com proteção social, a conclusão geral é que R$ 1.621 permanece muito aquém das necessidades reais, exigindo medidas que atendam de fato ao custo de vida do trabalhador brasileiro em 2026 e além.