Alexandre de Moraes. Foto: Divulgação

Ao defender a soberania do Brasil e frisar que deixamos de ser colônia há 202 anos, o ministro Alexandre de Moraes deu uma cutucada não apenas na comissão da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos que aprovou um projeto visando a puni-lo e no governo Trump, que usou a aprovação para nos pressionar a deixar as Big Techs fazerem o que quiserem por aqui, mas também nos autointitulados patriotas que pedem que os EUA intervenham no Brasil.

Nas entrelinhas, Moraes chamou de vira-latas e entreguistas os políticos bolsonaristas que se ajoelharam em Washington DC por socorro contra as punições para aqueles que tentaram um golpe de Estado no Brasil entre o segundo turno das eleições de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

“Nesses 73 anos de inauguração da sede oficial da ONU, é importante que todos nós reafirmemos os nossos compromissos com a defesa da democracia, dos direitos humanos, da igualdade entre as nações e o nosso juramento integral de defesa da Constituição Brasileira e pela soberania do Brasil, pela independência do Poder Judiciário e pela cidadania de todos os brasileiros e brasileiras, pois deixamos de ser colônia em 7/9/1822 e com coragem estamos construindo uma república independente e cada vez melhor”, afirmou Moraes, nesta quinta (27), em sessão do Supremo Tribunal Federal.

Ele fez referência à aprovação, ontem, no Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara dos EUA, de um projeto de lei que prevê deportação e veto de entrada a qualquer estrangeiro que, na opinião do governo norte-americano, atue contra a liberdade de expressão. Na prática, a proposta foi criada para impor sanções ao próprio Moraes.

O projeto ainda precisa ser aprovado no plenário da Câmara e do Senado e tem um longo caminho pela frente, mas já vem sendo usado como ferramenta de discurso de bolsonaristas, do bilionário Elon Musk (que detesta Moraes devido à suspensão temporária do X por aqui) e da gestão Donald Trump.

Elon Musk e Donald Trump. Foto: Divulgação

O Brasil não está impondo censura a empresas sediadas nos EUA, como alega a extrema direita, mas obrigando pessoas jurídicas instaladas aqui a seguir as leis brasileiras. Se uma empresa não quiser seguir a Constituição Federal e obedecer às nossas instituições, é simples: não opere no país. Impor a lei norte-americana para ser seguida aqui é comum a governos autoritários, não a quem diz ser o farol da liberdade do mundo.

Tirando os pseudo-patriotas brasileiros, que confundem verde e amarelo com vermelho e branco, muita gente aqui não gosta de um governo de fora dizendo o que o brasileiro deve ou não fazer. Quando extremistas daqui começam a pedir que os EUA intervenham, começa uma reação negativa por parte de quem liga lé com cré. Da esquerda à direita liberal, são muitos os que não querem interferência indevida. Pois, hoje, é o STF. Amanhã, o Palácio do Planalto.

Depois, o Congresso Nacional, os estados, municípios, empresas, a sociedade.Alguém acredita na mentira de que o Tio Sam ataca países do Oriente Médio em nome da democracia e da liberdade? Não, ele faz isso em busca de petróleo e poder. Por que acreditar então que a atual gestão em Washington ameaçará o Brasil e outros países em nome da liberdade? Vai em defesa dos lucros das grandes plataformas de redes sociais e do controle sobre a população que pode exercer através delas.

A guerra das redes pelo controle de corações, mentes e carteiras entrou em nova fase com a aliança com a maior potência do mundo.

Originalmente publicado no UOL

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Last Update: 27/02/2025