Jair Bolsonaro na Embaixada da Hungria, em imagem em preto e branco
Jair Bolsonaro na Embaixada da Hungria – Reprodução

Por Leonardo Sakamoto

A fuga do Brasil já era uma das opções do ex-presidente Jair Bolsonaro em caso de futura condenação por golpe de Estado muito antes de o governo Lula ter concedido asilo à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia. A Justiça do seu país a condenou e a seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por corrupção.

Em entrevista a Jamil Chade, do UOL, o chanceler Mauro Vieira disse que o critério foi humanitário e seguindo as convenções internacionais. Para a discussão sobre o uso do asilo no caso de Bolsonaro, as razões importam pouco, na minha avaliação. Porque o ex-presidente já havia mostrado que se tiver que fugir, vai dar um jeito, não importa como.

Em entrevista a Raquel Landim, também do UOL, ele disse, em novembro do ano passado: “Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”.
Além disso, Bolsonaro se escafedeu do país, em 30 de dezembro de 2022, antes mesmo de terminar o seu mandato. Diz que foi para não passar a faixa presidencial, mas o plano golpista, que, segundo a denúncia, envolveu de minuta de golpe até esquema para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, revela que ele tinha razão para temer ficar no Brasil e ser preso.
Com o retorno de Donald Trump ao poder, ele poderia pedir asilo político aos Estados Unidos, sob a justificativa de “comandar a resistência” direto de Orlando, na Flórida. A falta de passaporte é o de menos, há outras formas de fugir do país caso necessário seja, ainda mais com alguém com recursos financeiros e políticos para tanto, como ele mesmo já deixou claro. Ir para o Paraguai e Argentina e, de lá, para os EUA, por exemplo.

E Bolsonaro pode ficar tranquilo, pois o governo brasileiro sob Lula nunca invadiria território protegido por convenções internacionais como fez Daniel Noboa do Equador. Atropelando as convenções internacionais, a polícia equatoriana entrou, em 5 de abril de 2024, na Embaixada do México, em Quito, onde estava refugiado o ex-vice-presidente Jorge Glas, e o prendeu.

O empresário-presidente, eleito e reeleito, que governa à direita, tentou justificar o injustificável dizendo que o asilo concedido a Glas é ilegal uma vez que ele foi condenado a seis anos de prisão por corrupção. Na prática, é como se território soberano de outro país tivesse sido invadido por um governo que se diz amigo. Com isso, o México cortou relações diplomáticas com o Equador e o Brasil condenou veementemente a agressão. Lula, inclusive, declarou solidariedade a Andrés Manuel López Obrador, presidente do México.

Publicado originalmente pelo autor no UOL

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Last Update: 19/04/2025