Celular com casa de apostas na tela
Casa de aposta “Ona Bet”. Imagem ilustrativa – Reprodução

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

As bets se tornaram o segundo maior destino da internet brasileira, ultrapassando gigantes como YouTube e WhatsApp, segundo reportagem de Helton Simões Gomes, no UOL. Perdem apenas para o Google que, sem dúvida, também é acessado por pessoas que procuram o endereço on-line de bets.

É inegável, bets são uma febre. E, como febre, não são uma doença em si, mas sintoma de algo maior. Neste caso, uma sociedade doente, que, delirando acordada diante de cidadãos empobrecidos, acredita ser possível resolver seus problemas em um estalar de dedos. Uma sociedade que ignora a máxima da jogatina: a banca sempre vence.

Empresas do setor faturam bilhões e não pagam impostos condizentes com o impacto deletério que causam em termos de saúde pública. Pior: ainda tentam influenciar a política para evitar regulamentações mais duras, com parlamentares para chamarem de seus.

O avanço das bets não é um fenômeno natural do mercado devido a uma demanda reprimida, mas resultado de uma combinação perversa de publicidade agressiva, regulação insuficiente e um Estado que age como cúmplice desde que grana de impostos entre no caixa. Elas investiram pesado em marketing, patrocínios e anúncios que transformam o jogo em um vício socialmente aceito.

Mão segurando celular com jogo
Casa de aposta “Betano”. Imagem ilustrativa – Reprodução

Se o Brasil não proíbe propaganda de bets, deveria liberar também a do crack – ressaltando que quem compra pedra sofre o risco de ser preso na boca, mas a bet está a um clique. E, muito em breve, a um app de distância.

Casas de apostas vendem a ilusão de enriquecimento fácil, usando jogadores famosos e influenciadores como garotos-propaganda. A mensagem é clara: basta apostar para mudar de vida. O que não mostram são os milhões que perdem o dinheiro do aluguel, do salário ou da poupança da família acreditando que, hoje, é seu dia.

Bets privatizam o lucro e socializam o prejuízo. Quem banca os tratamentos de dependentes do jogo? O SUS.

É preciso proibir propagandas, aumentar os impostos para bancar campanhas de informação e tratamento de dependentes, exigir verificações de renda dos apostadores, criar quantos mecanismos de proteção forem possíveis. Do contrário, continuaremos assistindo a um setor enriquecer explorando a vulnerabilidade alheia.

O jogo pode ser lícito hoje, mas sua expansão descontrolada é imoral. Enquanto o Brasil não acordar, seguirá como refém de uma roleta que só para quando o jogador já perdeu tudo.

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Last Update: 04/07/2025