
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na última quinta-feira (5), em um inquérito que investiga a articulação de seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), para obter sanções contra autoridades brasileiras junto ao governo de Donald Trump.
O depoimento foi parte das investigações sobre o possível envolvimento do deputado na tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro é réu.
Após cerca de duas horas de oitiva, Bolsonaro deixou a PF e concedeu uma coletiva de imprensa. Durante a coletiva, o ex-presidente revelou que havia enviado “bastante dinheiro legal” a Eduardo. “Eu botei R$ 2 milhões na conta dele, ok? Bastante até, dinheiro limpo, legal, até Pix”, relatou.
“Vocês sabem que lá atrás eu não fiz campanha, mas foram depositados na minha conta R$ 17 milhões. Eu botei R$ 2 milhões na conta dele (Eduardo Bolsonaro). Lá fora, tudo é mais caro, e eu tenho dois netos, de 4 anos e de 1 ano de idade. Ele está lá fora, e eu não quero que passe… pic.twitter.com/qLvqwftca3
— GloboNews (@GloboNews) June 5, 2025
O valor enviado fazia parte dos R$ 17 milhões que Bolsonaro recebeu de seus apoiadores via Pix em 2023, por meio de uma campanha para pagar as multas impostas a ele durante a pandemia de Covid-19.
A oitiva começou por volta das 14h40 e terminou às 17h. Durante o depoimento, Bolsonaro também foi convocado a prestar esclarecimentos sobre um inquérito envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que fugiu para o exterior.
Eduardo Bolsonaro
Em relação ao caso de Eduardo Bolsonaro, a PF apura supostos crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a investigação, Bolsonaro foi citado como o beneficiário direto das ações do filho e por ter confirmado que seria “o responsável financeiro” pela estadia de Eduardo nos EUA. No entanto, o ex-presidente negou que as ações de seu filho tivessem como objetivo beneficiar sua própria situação jurídica no processo sobre o golpe ou influenciar investigações em andamento.
Bolsonaro também confirmou aos investigadores que teve uma reunião com o Conselheiro Sênior do Departamento de Estado dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Ricardo Pita, em 6 de maio. Questionado sobre o conteúdo da conversa, o ex-capitão se recusou a dar detalhes, alegando que se tratou de uma reunião de “teor reservado”.
Trump
O advogado Paulo Bueno disse, ao lado do ex-presidente, que as eventuais sanções por parte do governo Trump podem ser aplicadas por outros motivos que não têm relação com o processo sobre o golpe, como o bloqueio de contas na rede social X.
A declaração ocorre duas semanas após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, destacar em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara americana que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, poderia ser alvo de sanções por supostas violações de direitos humanos.
Rubio afirmou: “Isso está sob análise neste momento, e há uma grande possibilidade de que isso aconteça.”
Carla Zambelli
Sobre o caso de Carla Zambelli, Bolsonaro afirmou não ter “nada a ver” com a deputada, que fugiu do Brasil após ser condenada a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli teve sua prisão decretada por Alexandre de Moraes, do STF, após anunciar que havia deixado o país.
Bolsonaro também destacou que não enviou nenhum dinheiro via Pix para a parlamentar: “Eu vi pela imprensa, que estou no inquérito também. Mas esse assunto não foi tratado. Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, não botei dinheiro no Pix dela, tá certo? Realmente acompanhei pela imprensa o caso dela.”
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