
A Polícia Federal (PF) identificou que três filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram diretamente favorecidos pela estrutura clandestina montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conforme informações do Globo.
O documento que embasa os indiciamentos mostra que a Abin operou de forma ilegal para proteger o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), o único dos filhos indiciado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador de Balneário Camboriú (SC), Jair Renan (PL).
Nesta terça-feira (17), a PF indiciou Jair Bolsonaro, Carluxo e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) no inquérito que apura o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem e disseminação de fake news. No total, mais de 30 pessoas foram indiciadas.

Carlos Bolsonaro
De acordo com a PF, a rede paralela da Abin foi usada contra o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), após ele apresentar um requerimento para convocar Carlos Bolsonaro à CPI da Covid e pedir a quebra de seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático.
A investigação revelou que a estrutura coordenava publicações falsas contra adversários e combinava marcações a Carlos nas redes sociais para amplificar os ataques.
A CPI da Covid, instaurada em 2021, investigou a gestão federal da pandemia e recomendou o indiciamento de Jair Bolsonaro por nove crimes.
Flávio Bolsonaro
A PF encontrou um áudio de 1 hora e 8 minutos, gravado em 25 de agosto de 2020, no celular de Alexandre Ramagem (PL), então diretor da Abin. Na gravação, Ramagem, Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, discutem a investigação das “rachadinhas” envolvendo Flávio Bolsonaro.
Durante o diálogo, os três tratam de supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração do relatório de inteligência fiscal que embasou o inquérito contra Flávio. Uma das advogadas do senador também teria participado do encontro.
Segundo a PF, Ramagem afirmou que “seria necessária a instauração de procedimento administrativo” para afastar os auditores e invalidar a investigação.
Jair Renan Bolsonaro
O relatório também mostra que a Abin paralela atuou para ajudar Jair Renan, então investigado por suspeita de tráfico de influência, em caso depois arquivado. Segundo a PF, a ordem teria partido do “01”, termo usado por integrantes da rede clandestina para se referir a Jair Bolsonaro.
Em uma mensagem interceptada, um agente pede o rastreamento de “carros em nome do filho Renan” e da mãe dele: “Veja quais carros estão em nome do filho Renan do PR (presidente). Veja da mãe dele tb. Msg do 01”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que “os agentes também realizaram pesquisas envolvendo o inquérito policial instaurado contra Renan Bolsonaro, possivelmente a pedido do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.
O inquérito da PF foi instaurado em março de 2021 para apurar se Jair Renan intermediava reuniões e facilitava o acesso de empresas ao governo federal. A investigação teve origem em uma representação feita por parlamentares da oposição na Procuradoria da República do DF.