A Represa das Três Gargantas, situada no Rio Yangtze na China, é considerada a maior usina hidrelétrica do mundo e, segundo um estudo da NASA, tem potencial para alterar a rotação do planeta. A pesquisa, baseada em princípios físicos e observações científicas, indica que o enchimento da represa poderia desacelerar a rotação da Terra.
Concluída em 2012 após quase 18 anos de construção, a estrutura com capacidade para reter até 40 quilômetros cúbicos de água, influencia o momento de inércia da Terra, um indicativo da distribuição de massa do planeta. Esse fenômeno é comparável ao de um patinador que, ao recolher os braços, aumenta a velocidade de rotação.
A publicação da NASA em 2005, que analisou o impacto do terremoto e do tsunami de 2004 no Oceano Índico, foi a base para essa descoberta. O terremoto alterou a distribuição de massa da Terra, reduzindo a duração de um dia em 2,68 microssegundos. Similarmente, acredita-se que a Barragem das Três Gargantas possa adicionar 0,06 microssegundos ao dia, além de deslocar o polo da Terra em cerca de 2 centímetros.
Apesar das mudanças serem mínimas, elas são significativas e destacam como as atividades humanas podem impactar o planeta, inclusive na sua rotação. O derretimento do gelo polar e o aumento das massas de água nas regiões tropicais, fenômenos relacionados às mudanças climáticas, também estão modificando a distribuição de massa e desacelerando a rotação da Terra.
O fenômeno da desaceleração não é exclusivo a eventos naturais, como a influência gravitacional da Lua, mas também é incrementado por megaestruturas como a Represa das Três Gargantas. Diante dessas mudanças, alguns pesquisadores propõem a introdução de um “segundo bissexto negativo”, ajustando o tempo para compensar a desaceleração na rotação da Terra.
O impacto global das barragens é acentuado quando considerado em conjunto. Países como Estados Unidos, Brasil e Índia também contribuem para esse fenômeno com suas próprias grandes barragens. Isso ressalta a necessidade de considerar as repercussões globais de projetos locais, guiando futuras decisões para um desenvolvimento mais sustentável.
Este estudo serve como um lembrete das consequências das ações humanas nos processos naturais globais, enfatizando a importância de políticas e práticas que respeitem os delicados equilíbrios do planeta.
