A marca BYD tem se tornado familiar de muitos consumidores. No Brasil, a montadora conseguiu o feito de ser uma marca com percepção de qualidade sem ter de explicar o óbvio: os produtos chineses, há muito, se destacam pela tecnologia e qualidade. A estratégia consistente da BYD, além das atitudes rocambolescas de Elon Musk, fez a Tesla enfrentar um dragão com apetite voraz. E pose de vencedor.

A fabricante chinesa fechou o primeiro trimestre do ano com uma receita de 23,3 bilhões de dólares, crescimento de 36,3% sobre o mesmo período de 2024. As vendas superaram 1 milhão de veículos, aumento de 59,8%. Com esses resultados, a BYD superou a Tesla no aspecto financeiro e também em volume de vendas.

O segredo do crescimento da marca está na relação estabelecida com os consumidores. Eles percebem os investimentos em tecnologia e os benefícios em conforto e condução. Isso foi transformado em marketing pela empresa, que investiu no primeiro semestre cerca de 2 bilhões de dólares em pesquisa e tecnologia.

A BYD começa agora a avançar por outros campos que colocam a Tesla em xeque. E em estado de choque. A empresa anunciou uma bateria de carga rápida que, em cinco minutos, obtém energia suficiente para percorrer 400 quilômetros. A montadora também pesquisa veículos autônomos, sem motoristas, segmento em que a Tesla foi vanguarda, mas começa a comer poeira. E poderá adotar um slogan a partir do original da concorrente chinês: Build Your Nightmares.

Tudo vai dar pé

Você tem uma Havaianas em casa? É provável. E seu vizinho também. As sandálias fazem parte daquela categoria de produtos que dialogam de A a E: todo mundo tem, teve ou terá. Mas o interessante é que os modelos inspiraram a moda nos EUA e produtos muito semelhantes são vendidos por 690 dólares. Ou míseros 3,9 mil reais. Uma bagatela.

A moda pegou entre celebridades. Os chinelos variam de preços e estilos. A ­Dune é a marca citada acima. Tem tiras de gorgorão e algodão. Já a Dot, da Bottega, usa couro nas tiras e o valor fica acima de mil dólares. No site da Havaianas, um modelo com tiras de tecido, mais caras, custa 149,99 reais, ou 26 dólares. O modelo tradicional numa rápida busca ­online chega a 24 reais. Apesar das tarifas de 10% de Trump, os preços das Havaianas originais ainda teriam muitos pés de vantagem no mercado norte-americano.

Lucros gordos

No próximo mês deverá chegar às farmácias o Mounjaro, medicamento concorrente de outros injetáveis para tratamento do diabetes Tipo 2. O produto faz frente ao Ozempic, que lidera esse mercado e é a arma do laboratório Eli Lilly para enfrentar a Novo Nordisk. Ainda falta a autorização da Anvisa para indicar a tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, para obesidade.

Para criar fidelização, a empresa terá um programa para usuários que pode gerar descontos. É preciso inscrever-se no programa Lilly Melhor para Você. Enquanto nas lojas físicas os preços serão de 1.506,76 (2,5 mg) e 1.859,65 reais (5 mg), no e-commerce os valores serão, respectivamente, 1.406,75 e 1.759,64 reais. Os não inscritos no programa pagarão ainda mais.

A Eli Lilly é a maior farmacêutica do mundo em faturamento. No ano passado, chegou a 45 bilhões de dólares, crescimento de 32%. O lucro foi de 10,5 bilhões, 105% acima do ano anterior. O resultado foi impulsionado pelas vendas de ­Mounjaro e Zepbound, que cresceram 48%. São produtos caros de consumo amplo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, há 1 bilhão de obesos no mundo.

Mercado borbulhante

Economias em crise geralmente criam dificuldades para produtos consumidos horizontalmente, por diversas classes sociais e em todos os pontos do País. O mercado de refrigerantes é exatamente assim. Cai a renda, cai o volume. Pois bem: a Coca-Cola Femsa vive em uma economia que tem tido aumento da renda em um país chamado Brasil. Tanto assim que vai investir 7 bilhões de reais em 14 novas linhas de envase.

De acordo com a Coca-Cola Femsa, o mercado brasileiro no setor cresce entre 5% e 6% ao ano. Para dar sustentação a essa expansão, dois investimentos se destacam. Mais de 800 milhões de reais serão destinados à recuperação total da planta da empresa no Rio Grande do Sul, que ficou submersa com as enchentes do ano passado, e uma nova unidade na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, com investimento próximo a 500 milhões de dólares. •

Publicado na edição n° 1360 de CartaCapital, em 07 de maio de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Saia do caminho’

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Last Update: 30/04/2025