O governo divulgou, há poucos dias, dados que atualizam os números estimados para a safra recorde de grãos no Brasil neste ano. A previsão é de que a safra alcance 328,4 milhões de toneladas.
Esse total representa um crescimento de 12,2% em relação à safra colhida no ano passado, que alcançou 292,7 milhões de toneladas.
Mais grãos, menos fome?
No começo do ano, o anúncio de que o País teria um novo recorde na colheita de grãos foi usado principalmente pela equipe econômica do governo para divulgar a ideia ilusória de que tal safra levaria a uma redução do preço dos alimentos, que tiveram aumentos de até 30% em 2024.
De acordo com o IBGE, metade do que o Brasil vai produzir em 2025 — 164,2 milhões de toneladas — será soja, da qual o Brasil é o maior produtor mundial.
Desse total, cerca de 65% deve ser destinado à exportação, e a maior parte do que fica no País — mais de 55 milhões de toneladas — será destinada à fabricação de ração para o gado.
O Brasil também é o maior produtor mundial de carne. Também nesse caso, a maior parcela produzida não fica no País, mas é destinada à exportação.
A segunda maior safra será a de milho, que representará outros 39% da produção nacional. A previsão é que sejam colhidas 128,2 milhões de toneladas desse grão. O consumo interno desse produto deve alcançar 91 milhões de toneladas, aumentando 5 milhões em relação ao ano passado. Mas, diante da política de privilegiar as exportações, o País ainda deverá importar pelo menos 2 milhões de toneladas do produto, principalmente do Paraguai. E as cotações atuais estão quase 40% mais altas em relação ao mesmo período do ano passado, cerca de R$85 a saca de 60 kg.
Outra política
A situação reflete a ditadura que o latifúndio impõe sobre o País, deixando que dezenas de milhões de pessoas passem fome, enquanto monopoliza as terras e os recursos — principalmente públicos — para garantir sua produção e seus gigantescos lucros.
Sob cerco, o governo Lula não avança em nada na reforma agrária, que poderia garantir terra para que milhões de pequenos produtores produzissem para matar a fome dos brasileiros, barateando o custo dos alimentos.
As organizações dos trabalhadores do campo e da cidade precisam levantar um programa de luta, de mobilização, pela reforma agrária com expropriação do latifúndio, assentamento imediato das dezenas de milhares de famílias acampadas, criação de fundos especiais (sobretaxando os bancos e as exportações) para garantir créditos aos pequenos produtores, pequenas cooperativas, aldeias e retomadas etc.