A Rússia indicou uma proposta de cessar-fogo mediante ao reconhecimento de áreas já ocupadas. De acordo com o jornal Financial Times, Vladimir Putin disse a Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump, que pode renunciar a reivindicações sobre a totalidade de quatro territórios: Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, estas duas últimas na região do Donbass.
Para chegar a este acordo, Putin pede o reconhecimento da Crimeia como propriedade russa pelos Estados Unidos, assim como quer uma declaração de que a Rússia tem o controle das partes já ocupadas das quatro regiões citadas – somente Luhansk está sob total controle russo.
Estas são as condições que os Estados Unidos têm trabalhado para um possível acordo que coloque fim ao avanço das tropas de Putin na Ucrânia.
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Os líderes europeus estão reticentes sobre a articulação por estarem de fora dessas discussões e por acreditarem que Putin está atraindo Trump para a sua órbita. Eles entendem que um reconhecimento norte-americano será usado por Putin para referendar a posse das localidades.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não está aberto ao reconhecimento do controle da Crimeia pelos vizinhos. Ele reafirmou sua posição em uma coletiva de imprensa na última terça (22) e disse não ter recebido uma proposta oficial.
Nestes pouco mais de três anos de conflito esta é considerada a primeira proposta de Putin para encerrar o avanço das tropas em recuo quanto às suas exigências iniciais.
A possibilidade de um armistício encabeçada pelos EUA seria acompanhada de tropas europeias para garantir a paz na linha de frente com a finalidade de criar uma zona desmilitarizada. Estas Forças seriam não pertencentes à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que foi um dos principais estopins para a guerra com a tentativa de entrada da Ucrânia ao grupo. Portanto, uma nova tentativa de entrada dos ucranianos para a Organização continuaria vetada por Moscou.
Dessa forma, para dar conta do acordo, a Ucrânia se comprometeria a não tentar retomar áreas à força, assim como a Rússia interromperia o avanço das tropas.

Londres
Nesta quarta (23), uma nova rodada de negociações acontece em Londres com representantes dos EUA, Ucrânia e países europeus, dando continuidade à reunião iniciada na semana anterior em Paris.
Após a trégua russa durante a Páscoa, ataques voltaram a acontecer nesta semana. Apesar desse novo encontro, um resultado concreto não deve acontecer, uma vez que a maioria dos ministros de Estado cancelaram a presença.
Assim, a negociação tem peso menor ao ser conduzida por assessores dos ministros. É certo que estarão em maior quórum britânicos e ucranianos, estes presentes com o chefe de gabinete de Zelensky, Andrii Yermak, e os ministros das Relações Exteriores, Andrii Sybiha, e da Dedesa, Rustem Umerov.