Três advogados do falecido líder da oposição russa Alexei Navalny foram condenados na Rússia, nesta sexta-feira 17, a penas de prisão de até cinco anos e meio por “extremismo”.
Segundo constatações de jornalistas da AFP presentes no tribunal, Alexei Liptser foi condenado a cinco anos de prisão; Igor Sergunin a três anos e meio; e Vadim Kobzev a cinco anos e meio.
Em um comunicado, o tribunal disse que Igor Sergunin se declarou culpado das acusações, ao contrário de Alexei Lipster e Vadim Kobzev.
Todos os três foram presos em outubro de 2023, quando o mais proeminente opositor de Vladimir Putin ainda estava vivo.
Os advogados foram acusados de participar da organização de Navalny, o Fundo Anticorrupção (FBK), considerado extremista na Rússia desde 2021.
Especificamente, foram acusados de terem transmitido a Navalny, preso na Rússia desde janeiro de 2021 até sua morte na prisão em 16 de fevereiro de 2024, informações suscetíveis de lhe permitirem “planejar, preparar (…) e cometer crimes extremistas” desde sua cela, de acordo com os investigadores.
As acusações podem acarretar uma pena de até seis anos de prisão, enquanto a Promotoria havia solicitado mais de cinco.
O julgamento ocorre desde meados de setembro em um tribunal em Petushki, na região de Vladimir, ao leste de Moscou, onde também está localizada uma das prisões em que Navalny esteve detido.
Após o início da primeira audiência, em 12 de setembro, as sessões foram realizadas a portas fechadas a pedido da Promotoria, apesar dos protestos dos advogados da defesa.
De acordo com um dos advogados da defesa, Roman Karpinski, a acusação foi baseada em escutas feitas durante reuniões de Navalny com seus advogados enquanto ele já estava na prisão.
Segundo ele, isso constitui uma “violação do sigilo profissional” por parte da administração penitenciária, que repassou essas gravações aos investigadores do caso.
A opositora exilada russa e viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, afirmou na rede X que esses advogados são “prisioneiros políticos e devem ser libertados imediatamente”.
Os governos de Reino Unido, Alemanha e Países Baixos aderiram ao apelo pela libertação.
A Anistia Internacional denunciou uma “tentativa vergonhosa de silenciar aqueles que se atreveram a defender Alexei Navalny”.
Navalny, uma morte pouco clara
Navalny morreu em circunstâncias pouco claras em uma prisão no Ártico. Lá, ele cumpria uma pena de 19 anos por liderar uma organização classificada pelas autoridades como “extremista” e que era conhecida por suas investigações sobre más práticas entre os funcionários.
Desde sua morte, as autoridades russas aumentaram a pressão sobre pessoas próximas a ele, prendendo jornalistas que cobriam suas audiências judiciais e adicionando sua esposa, Yulia Navalnaya, a uma lista de “terroristas e extremistas”.
Alexei Navalny, um carismático ativista anticorrupção, foi preso em Moscou em janeiro de 2021 ao retornar da Alemanha, onde foi hospitalizado após ser envenenado na Sibéria. Ele atribuiu o envenenamento ao Kremlin, que negou.
Posteriormente, foi condenado a várias longas penas de prisão, incluindo uma de 19 anos em agosto de 2023, por “extremismo”.
Navalny frequentemente se comunicava nas redes sociais por meio de mensagens enviadas a seus advogados, denunciando repetidamente a ofensiva na Ucrânia e pedindo aos russos que “resistissem”.
Muitos de seus antigos colaboradores, refugiados no exterior, agora trabalham com sua viúva, que assumiu o comando sem conseguir unir uma oposição dividida e dispersa por vários países.