Durante reunião realizada em Istambul na última sexta-feira, 16, representantes russos apresentaram como condição para um cessar-fogo a retirada das forças ucranianas de todas as regiões atualmente reivindicadas por Moscou. A informação foi fornecida à agência Reuters por uma autoridade ucraniana com conhecimento direto das negociações.

O encontro, sediado pelo governo da Turquia, foi o primeiro presencial entre as delegações da Rússia e da Ucrânia desde março de 2022, quando ocorreu a invasão russa em larga escala do território ucraniano. A reunião teve duração de uma hora e quarenta minutos e resultou em um acordo para troca de mil prisioneiros de guerra por parte de cada país. A data da efetivação da troca ainda não foi divulgada.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou publicamente Moscou após um ataque com drone na região de Sumy, no nordeste do país, que matou nove passageiros de um ônibus.

“Foi um assassinato deliberado de civis”, declarou. Zelensky defendeu o aumento da pressão internacional sobre Moscou. “É preciso pressionar a Rússia para que pare com os assassinatos. Sem avaliações mais duras, sem mais pressão, a Rússia não buscará uma diplomacia real.”

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que o ataque em Sumy teve como alvo uma instalação militar. Em comunicado, a pasta informou que suas tropas avançaram no leste da Ucrânia, onde capturaram um novo assentamento.

Segundo a fonte ucraniana, os negociadores russos listaram a retirada de tropas ucranianas das regiões de Donetsk, Zaporizhzhia, Kherson e Luhansk como pré-requisito para qualquer cessar-fogo. Esses termos, afirmou a autoridade, ultrapassam as propostas que constavam de um esboço de acordo de paz apresentado pelos Estados Unidos no mês anterior, elaborado com base em conversas com Moscou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou as declarações atribuídas à delegação ucraniana. Ele afirmou que as negociações devem ocorrer “absolutamente a portas fechadas” e informou que os próximos passos previstos incluem a troca de prisioneiros e a continuidade das conversas entre os dois lados.

Segundo Peskov, um encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e Zelensky “pode ocorrer” caso haja determinados acordos prévios, sem detalhar quais seriam esses entendimentos.

Zelensky havia proposto uma reunião direta com Putin no início da semana, mas não houve resposta do Kremlin.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou que seu governo continuará atuando como mediador no conflito. Ancara sediou as conversas e afirma manter diálogo com ambos os lados.

Enquanto isso, pressões externas continuam a influenciar as negociações. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a continuidade do conflito, referindo-se à guerra como “essa guerra estúpida”. Ele advertiu que os EUA poderiam deixar de atuar como mediadores caso não haja progresso visível nas tratativas.

Após o encontro em Istambul, o governo ucraniano intensificou os esforços junto a seus aliados para endurecer a postura contra Moscou. Em entrevista à Reuters, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, declarou: “Mais uma vez vemos evasivas do lado russo e falta de vontade em tratar com seriedade a paz tensão que agora é necessária na Ucrânia”. Ele acrescentou: “Em que ponto diremos a Putin que basta?”

O presidente da França, Emmanuel Macron, também criticou os resultados da reunião, afirmando que o encontro em Istambul não trouxe avanços concretos.

“Hoje, o que temos? Nada”, disse. Macron completou que espera uma resposta firme de Washington: “Diante do cinismo do presidente Putin, estou certo de que o presidente Trump, atento à contrapartida dos Estados Unidos, reagirá.”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a União Europeia prepara um novo pacote de sanções contra a Rússia.

Segundo autoridades francesas, o objetivo dessas medidas seria “sufocar” a economia russa. No entanto, analistas europeus colocam em dúvida a eficácia de novas sanções, após mais de três anos de medidas já implementadas.

As declarações de Trump sobre a guerra têm sido vistas por diplomatas europeus como fator de instabilidade para os esforços de construção de uma frente unificada.

Na véspera do encontro em Istambul, o ex-presidente norte-americano havia sugerido que Zelensky deveria aceitar a proposta russa para conversações diretas. Ele também afirmou que não haverá avanço nas negociações até que tenha uma reunião pessoal com Putin.

O Kremlin confirmou que Putin estaria disposto a se encontrar com Trump, mas observou que tal cúpula precisaria ser cuidadosamente preparada. Autoridades russas informaram que, desde a reunião em Istambul, não houve contato com representantes dos Estados Unidos.

As negociações seguem sem previsão de retomada formal. A situação permanece indefinida, enquanto os dois lados mantêm posições distantes sobre os termos de um possível acordo de cessar-fogo.

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Last Update: 17/05/2025