Os governos da Rússia e da Venezuela assinaram nesta quarta-feira, 28, um tratado de parceria estratégica com foco na cooperação para o uso pacífico do espaço sideral.

O acordo inclui a instalação de uma estação terrestre do sistema de navegação por satélite Glonass em território venezuelano, segundo informações divulgadas por ambas as partes.

O tratado foi formalizado durante encontro entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Kremlin, em Moscou.

A assinatura marca a ampliação dos compromissos firmados anteriormente no Acordo de 30 de março de 2021, que estabeleceu as bases para o desenvolvimento conjunto de atividades espaciais civis.

“As partes estão desenvolvendo cooperação como parte do Acordo de 30 de março de 2021 entre o governo da Federação Russa e o governo da República Bolivariana da Venezuela sobre pesquisa e uso pacífico do espaço, incluindo a implementação do projeto para construir uma estação terrestre Glonass no território da República Bolivariana da Venezuela e outras iniciativas relacionadas ao uso pacífico do espaço”, afirma o documento assinado nesta quarta-feira.

A estação terrestre Glonass, a ser construída na Venezuela, integrará a rede global do sistema russo de navegação por satélite, que opera como alternativa ao GPS norte-americano. A estrutura permitirá o fortalecimento da cobertura e precisão do sistema Glonass em regiões da América do Sul, além de possibilitar aplicações em áreas como transporte, agricultura, monitoramento ambiental e defesa civil.

A instalação da unidade no país sul-americano faz parte da estratégia da Federação Russa de expandir sua infraestrutura de posicionamento e navegação global, reforçando a presença tecnológica em regiões geográficas fora do eixo euro-asiático. Do lado venezuelano, o projeto é apresentado como uma oportunidade de acesso a tecnologias avançadas e de cooperação técnica em áreas científicas e espaciais.

O tratado de cooperação assinado entre Putin e Maduro também prevê a ampliação de iniciativas conjuntas no campo da pesquisa científica, da observação da Terra, do desenvolvimento de aplicações para o uso civil de satélites e do intercâmbio de especialistas entre instituições russas e venezuelanas.

As negociações entre os dois países sobre projetos espaciais vêm sendo conduzidas desde 2021, quando foi estabelecido o marco inicial da parceria bilateral no setor. Desde então, representantes técnicos dos dois governos realizaram reuniões para detalhamento de planos de execução, definição de locais para instalação da estação e cronogramas de implementação.

A assinatura do tratado ocorre em um contexto de aprofundamento das relações diplomáticas entre Moscou e Caracas, em meio ao alinhamento político dos dois países em foros multilaterais e à manutenção de uma agenda comum em temas como soberania tecnológica, multipolaridade geopolítica e oposição a sanções unilaterais.

O sistema Glonass (Global Navigation Satellite System) é operado pelas Forças Armadas da Federação Russa e gerenciado pela corporação estatal Roscosmos. O sistema oferece serviços de posicionamento e navegação para aplicações civis e militares. A cobertura global plena foi alcançada em 2011, e desde então a Rússia tem buscado acordos para a instalação de estações terrestres de correção e rastreamento em outros países.

A construção de uma estação Glonass na América Latina já havia sido considerada em discussões anteriores entre a Rússia e países da região. A formalização do acordo com a Venezuela representa a primeira iniciativa concreta no continente sul-americano nesse sentido.

O governo venezuelano ainda não divulgou detalhes sobre a localização exata da instalação nem os prazos para início da construção. Também não foram informados os valores estimados do investimento ou os termos técnicos da parceria.

Especialistas consultados por veículos internacionais afirmam que a instalação de estações Glonass fora do território russo permite ao sistema melhorar a precisão dos sinais transmitidos aos usuários locais e ampliar a estabilidade operacional em diferentes zonas geográficas. Além disso, estações localizadas em diferentes hemisférios contribuem para a calibração de órbitas e o monitoramento contínuo da constelação de satélites.

O acordo também pode envolver a transferência de dados e a utilização compartilhada de informações geradas pelos sensores instalados na estação, dependendo dos termos técnicos definidos entre os países. Tais dados podem incluir informações geoespaciais, ambientais e meteorológicas.

A assinatura do tratado ocorre em meio a esforços de Moscou para ampliar parcerias estratégicas com países da América Latina, especialmente em setores de tecnologia, energia, defesa e infraestrutura. A Venezuela, por sua vez, tem priorizado acordos com países não alinhados às sanções econômicas impostas por governos ocidentais, buscando alternativas para desenvolvimento tecnológico e cooperação internacional.

Com o novo tratado, Rússia e Venezuela avançam no cronograma de cooperação bilateral firmado nos últimos anos, consolidando mais uma etapa na agenda espacial entre os dois países. As próximas fases dependerão da implementação técnica do projeto, da autorização de órgãos reguladores locais e da definição de protocolos operacionais para a estação terrestre Glonass em território venezuelano.


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Last Update: 28/05/2025