Nas negociações entre Moscou e Washington, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que ainda não há consenso sobre um possível acordo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia.
Em uma entrevista publicada nesta terça-feira (15), no jornal russo Kommersant, Lavrov destacou as dificuldades no diálogo com os Estados Unidos e reforçou que a Rússia não voltará a depender economicamente do Ocidente.
“Não é fácil chegar a um acordo sobre os principais componentes de um acordo. Eles estão sendo discutidos”, declarou Lavrov ao ser questionado sobre avanços nas tratativas com os norte-americanos.
Segundo ele, Moscou está atenta aos riscos de propostas que possam representar “uma armadilha” para os interesses russos.
Há mais de três anos a guerra na Ucrânia vem acontecendo com altos custos humanitários e geopolíticos, mas a partir da posse do presidente dos EUA, Donald Trump, que demonstrou a sua intenção de ser um “pacificador” que pretende acabar com o “banho de sangue” desta guerra, embora nenhuma solução concreta tenha sido anunciada até o momento.
Ainda segundo Lavrov, o posicionamento russo está firmemente estabelecido de acordo com as exigências impostas por Vladimir Putin em junho de 2024. Entre os pontos considerados inegociáveis pelo Kremlin estão a retirada das tropas ucranianas de quatro regiões atualmente sob controle russo (Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia), e a renúncia formal de Kiev à adesão à OTAN.
“Estamos falando dos direitos das pessoas que vivem nessas terras. É por isso que essas terras são preciosas para nós. E não podemos abrir mão delas, permitindo que pessoas sejam expulsas de lá”, afirmou o chanceler.
A Rússia ocupa hoje cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, e partes das quatro regiões que Moscou reivindica como território russo uma posição rejeitada pela maioria da comunidade internacional.
Mesmo diante as divergências, Lavrov elogiou declarações de Trump sobre o papel do Ocidente no início do conflito. Para o ministro, o republicano demonstra “bom senso” ao reconhecer que o apoio dos EUA à entrada da Ucrânia na OTAN foi uma das causas centrais da guerra.
No entanto, ele deixou claro que a elite russa não aceitará um retorno à dependência econômica, tecnológica ou militar em relação ao Ocidente, com isso, Lavrov ainda ressaltou que a atual ordem global sofreu um colapso com as sanções impostas por Washington, especialmente durante o governo de Joe Biden.
“O que chamavam de globalização foi destruído por essas sanções”, disse Lavrov.
Enquanto o presidente Putin enxerga o conflito como parte de uma luta maior contra o que considera a humilhação da Rússia pelo Ocidente desde o fim da Guerra Fria. Já o Kremlin, por sua vez, afirmou no último domingo (13) que ainda é cedo para esperar avanços concretos no restabelecimento das relações com os Estados Unidos.
*Com informações do portal da CNN Brasil.