Na última segunda-feira (19) o Gabinete do Procurador-Geral da Rússia baniu a Anistia Internacional, organização não governamental (ONG) sediada em Londres, acusando-a de russofobia e apoio ao exército ucraniano.
Um comunicado oficial do governo russo afirma que embora a “organização se posicione como uma defensora ativa dos direitos humanos em todo o mundo”, sua sede na capital britânica se transformou em um “centro de preparação de projetos globais russofóbicos, pagos por cúmplices do regime de Quieve”.
“Membros da organização apoiam organizações extremistas e financiam atividades de agentes estrangeiros”, alegou a Procuradoria-Geral da República. As autoridades russas classificaram, a Anistia Internacional como uma “organização indesejável”, status que, de acordo com uma lei de 2015, torna crime qualquer envolvimento com essas entidades.
Com essa designação, o grupo internacional de direitos humanos deve interromper todas as suas atividades no país e quem cooperar ou apoiar a organização, pode ser processado criminalmente. Segundo o InfoMoney atualmente, a lista russa de “organizações indesejáveis” tem mais de 200 entidades, entre elas veículos “independentes” de imprensa e organizações de “direitos humanos”, incluindo grandes grupos de influência ocidentais, como a Open Society Foundations de George Soros, o German Marshall Fund, sediado nos EUA, e o Atlantic Council, pró-OTAN.
No próprio sítio da Anistia Internacional, a ONG se coloca como um movimento global, presente em mais de 150 países, com 10 milhões de pessoas. “Fazemos campanhas e mobilizações para que os direitos humanos internacionalmente reconhecidos sejam respeitados e protegidos.” – afirma a seção brasileira da página oficial.
“No Brasil, temos atuado na defesa e proteção de defensores e defensoras de direitos humanos, no enfrentamento ao racismo e à violência policial, na luta pelo pleno reconhecimento dos direitos dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais e na promoção da justiça climática”. Afirma o site da Anistia Internacional.
Após o anúncio do governo russo de que iria banir a ONG de seu país, também na segunda-feira, a organização se pronunciou prometendo “continuar trabalhando” para supostamente defender os direitos humanos na Rússia. Em seu sítio em Londres, a Anistia Internacional descreve a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia como uma “guerra de agressão”.
“Continuaremos trabalhando incansavelmente para garantir que todos os responsáveis por graves violações de direitos humanos, seja na Rússia, Ucrânia ou em qualquer outro lugar, sejam levados à justiça”, escreveu a organização em um comunicado. “Nenhum ataque autoritário silenciará nossa luta pela justiça. A Anistia nunca se renderá e nunca recuará”, acrescentou.
Segundo o canal russo RT, a Anistia Internacional tem trabalhado ativamente para “aumentar o confronto militar” desde a escalada do conflito na Ucrânia em fevereiro de 2022. “Promotores russos acusaram a ONG de encobrir crimes de guerra ucranianos, pedindo mais apoio financeiro para Quieve e o isolamento econômico de Moscou”, afirmou o órgão.