Em reunião da Conselho de Segurança da ONU, Igor Petrov, o primeiro vice-representante permanente da Rússia, denunciou que o governo dos Estados Unidos está ignorando completamente a decisão que foi tomada pelo CSNU sobre o cessar-fogo na Faixa de Gaza. Essa deliberação é citada constantemente pelo Hamas como possível base para um cessar-fogo, mas está sendo ignorada pelos EUA, que assumiu uma postura de apoio total ao genocídio.
O Conselho de Segurança da ONU votou para aprovar um projeto de resolução patrocinado pelos EUA em apoio à proposta de cessar-fogo entre “Israel” e Hamas em 10 de junho. O Conselho de Segurança, composto por 15 membros, adotou a resolução, que tem o número 2735, com 14 votos a favor e uma abstenção da Rússia, citando as numerosas falhas do projeto. Antes disso, diversas propostas havia sido vetadas pelos EUA, inclusive uma do Brasil.
Igor perguntou de forma retórica: “por quanto tempo mais vamos permanecer inertes, enquanto os supostos mediadores americanos continuam fazendo um espetáculo e nos alimentando com promessas vazias de que seus esforços diplomáticos ‘no local’ trarão resultados rápidos?” E continuou: “Se a Resolução 2735 não está sendo implementada, vamos aprovar um novo documento, que enviaria uma mensagem inequívoca aos ‘desestabilizadores’ de que eles definitivamente sofrerão as consequências do que estão fazendo. E vamos equipar nossa resolução com uma caixa de ferramentas que ajude a parar a violência, independentemente dos caprichos de qualquer parte do conflito”.
Em sua opinião, “é precisamente o desejo maníaco dos Estados Unidos de ‘monopolizar’ o processo de paz no Oriente Médio e de moldá-lo de acordo com ‘padrões’ adequados a Israel que levou às consequências dramáticas que estamos testemunhando hoje“.
E concluiu: “também é desnecessário dizer que tal situação mina a credibilidade do Conselho de Segurança da ONU, que desde outubro passado não conseguiu tomar decisões eficazes, necessárias não apenas para uma resolução justa da questão palestina em conformidade com nossas resoluções pertinentes, mas também para evitar uma guerra em toda a região no Oriente Médio“.
Os russos se tornam os grandes aliados da Palestina
A denúncia dura contra os EUA mostra como os russos se transformaram em grandes aliados da Palestina no âmbito diplomático. Os russos fazem a ponte do Irã no CSNU, pois eles têm o poder de veto. Além disso, os russos foram que começou as discussões entre o Fatá e o Hamas que levaram ao histórico acordo na China que envolveu 14 organizações palestinas deliberando um governo de união nacional.
Os russos também tem relações no Oriente Médio, primeiro com a Síria, onde atuam militarmente ajudando o governo de Bashar al-Assad, que tem como um de seus inimigos o Estado de “Israel”. E ainda mais importante é o próprio Irã, que nos últimos anos se tornou o grande aliado dos russos na região. O Irã está com a Rússia nos BRICS e na Organização de Copelação de Xangai.
Sua posição na ONU é radicalmente contra o imperialismo dos EUA. Denunciam não só a questão da Faixa de Gaza como também a política agressiva da ONU contra o Iêmen. Há relatos de que os russos inclusive estão enviando armas para o Iêmen que teriam como alvo tanto embarcações dos EUA quanto o Estado de “Israel”. Isso seria uma resposta aos ataques da OTAN a Rússia nos últimos meses. O governo russo afirmou que armaria os inimigos do imperialismo.
Fato é que diante do confronto cada vez maior da Rússia com o imperialismo, a sua política na ONU também se torna cada vez mais radical. Apesar do CSNU se mostrar um órgão inútil para ajudar os palestinos, os russos são os seus maiores aliados na luta pelo fim do genocídio.