Rui Costa Pimenta respondeu, na Análise Política da Semana deste sábado (18), a decisão da juíza Tatiana Dias da Silva Medina, da 18ª Vara Cível de Brasília, que condenou o presidente do Partido da Causa Operária (PCO) a indenizar o deputado federal Kim Kataguiri em R$ 10 mil por “danos morais”. Essa decisão marca mais um episódio de censura contra o Partido.
Rui chamou Kataguiri, defensor do projeto fascista “Escola Sem Partido”, que visava censurar professores, de “nazistinha” ao criticar a ação movida pelo deputado. Kataguiri havia ajuizado uma ação popular contra o presidente da República, o ministro das Relações Exteriores e a União, visando anular um ato administrativo que permitiu o repasse de recursos do Governo Federal para uma agência da ONU que presta assistência a refugiados da Palestina.
O dirigente do PCO declarou que “a mais pura verdade é a seguinte: esse tipo de ação é uma ação tipicamente nazista. A juíza não concordou com a palavra ‘nazista’. A sentença dela tem a ver com essa palavra. Argumentou que essas coisas podem diminuir a boa reputação do Kim Kataguiri diante dos eleitores. Sou obrigado a concordar com a doutíssima juíza. E explico: em geral, quando você faz uma crítica, o resultado que você espera é modificar a opinião das pessoas e atingir a reputação equivocada que as pessoas têm do deputado. Se as pessoas acham que ele um humanista, a favor do povo, temos que explicar que é mentira isso”.
Kataguiri alegou que os recursos do auxílio estariam sendo desviados para o financiamento do Hamas, enquanto Rui Costa Pimenta afirmou que o parlamentar tentava impedir a transferência de recursos para a Palestina, promovendo a fome e a escassez de mantimentos no território, em defesa do genocídio praticado por “Israel”. Foi nesse contexto que Rui classificou Kataguiri como “palhaço” e “nazistinha”.
“Quando a gente fala que é uma coisa nazista, estamos exagerando? Não: tentar impedir que as pessoas recebam auxílio quando elas estão necessitadas, milhares de pessoas… Uma pessoa já seria uma coisa cruel. Agora, milhares de pessoas… É uma coisa nazista”, destacou Rui, que continuou: “reitero que ele é um palhaço e um delinquente político”
A juíza, ao condenar Rui, declarou: “Embora a Câmara do TPI tenha feito um juízo de admissibilidade da denúncia contra o Primeiro-Ministro de Israel e o Ministro da Defesa de Israel — por obstrução de envio de ajuda humanitária para a Palestina ou Gaza —, essa decisão não prova que a finalidade do autor, ao propor a ação popular, era a vedação do envio de ajuda humanitária aos palestinos para matá-los de fome (dolo de genocídio). Portanto, não se demonstrou verídica a acusação de ‘palhaço’, ‘genocida’ e ‘nazista’ do réu contra o autor”.
“A juíza considera que estamos associando ele com o nazismo. Não, não estamos associando ao nazismo particular de Adolf Hitler. Estamos dizendo que a conduta é uma conduta semelhante [ao nazismo], essa conduta”, argumentou.
Ele ainda defendeu a resistência palestina, atacada por Kataguiri. “No processo, apareceu que, na realidade, ele não queria evitar o auxílio para as pessoas, mas queria impedir que o auxílio caísse nas mãos de ‘terroristas’. Primeiro, eu não sei que ‘terroristas’ são esses; se alguém bombardeia uma população e mata 50 mil pessoas, qualquer pessoa que reage a isso não é um terrorista, é um santo. Se fizessem isso na cidade de São Paulo, o pessoal ia ficar achando que a reação do Hamas é quase pacifista.”
“A alegação que o dinheiro ia parar na mão de terroristas é uma coisa de uma pessoa totalmente sem escrúpulos. Vou deixar o pessoal morrer de fome, porque se eu der ajuda para a agência da ONU que distribui comida, eu estarei ajudando os ‘terroristas’. Então, para evitar que os ‘terroristas’ se apoderem de um saco de farinha, vou deixar morrer 100 mil pessoas de fome”, continuou.
O presidente do PCO ainda criticou a capacidade da juíza. “Não sei como uma pessoa assim consegue ser juiz, é inacreditável.”
Ele afirmou que o PCO vai recorrer da decisão e destacou que “esse é o Brasil dos dias de hoje: você não pode fazer uma crítica política. Dizer que a pessoa tem uma política fascista é uma crítica política, chamar alguém de palhaço não é crime nenhum, falar que é um delinquente político não é ilegal. Nós não defendemos nenhum crime de opinião, mas mesmo dentro da legislação existente, nada disso é crime”.
Rui denunciou a sentença como mais uma tentativa de fortalecer o Estado ditatorial no Brasil, que, sob o aval do Judiciário, promove censura e protege figuras ligadas ao imperialismo, ao sionismo e à direita golpista. A decisão reflete a perseguição enfrentada pelo partido devido à sua luta contra esses setores reacionários, e se junta a uma série de outros processos sofridos pelo partido e seus militantes durante a sua intensa campanha em defesa da Palestina.