Em entrevista realizada nesta sexta-feira (18) na TV 247, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, comentou os desdobramentos do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O líder da extrema direita foi submetido a medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo recolhimento noturno, proibição de uso de redes sociais e contato com aliados. Para Rui Costa Pimenta, no entanto, o foco da situação não está na figura de Bolsonaro, mas numa manobra maior contra o povo brasileiro.
“Eu não estou feliz com a prisão do Bolsonaro”, afirmou Pimenta ao jornalista Leonardo Attuch. “Estou preocupado com o plano geral, que envolve o Bolsonaro, mas também envolve a esquerda. Não acho que essas medidas estejam sendo tomadas em defesa da democracia. Alexandre de Moraes e os demais não têm nada a ver com democracia”.
O dirigente do PCO alertou que o objetivo central da operação judicial é impedir que Bolsonaro participe das eleições de 2026 — e que o mesmo pode vir a ocorrer com Lula. “A burguesia vai castigar o governo do PT até a eleição. A política é de desgaste constante”, disse.
Para Pimenta, as medidas contra Bolsonaro são uma resposta política do STF ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou o Brasil com tarifas comerciais. “É uma resposta à manobra política do Trump e do Bolsonaro, uma espécie de: ‘vocês ameaçam aqui, então eu faço isso e aquilo’. É um jogo”. Para o presidente do PCO, “a colocação do Trump é, em grande parte, inócua. Ele não vai condicionar o funcionamento das instituições brasileiras por tarifas. Ele quer fazer propaganda, denunciar que o Bolsonaro está sendo perseguido”.
Pimenta insistiu que a principal questão hoje não é Bolsonaro, mas o projeto de “terra arrasada” que a burguesia prepara para o país. “Eles precisam fazer uma faxina econômica. Quebrar os serviços sociais, destruir o que ainda resta. É a política neoliberal voltando com tudo, como vemos na Argentina com o Milei. O que estão fazendo aqui é preparar o terreno para isso”, explicou.
Segundo ele, Bolsonaro representa um obstáculo parcial a esse plano. “A burguesia precisa de um novo Fernando Henrique Cardoso, um novo Javier Milei. Bolsonaro tem voto, mas é indisciplinado demais. O governo dele foi uma bagunça. Não dá conta do serviço. Eles querem alguém confiável”.
Ao comentar a reação da extrema direita às medidas contra Bolsonaro, Pimenta avaliou: “o impasse é claro: se o Congresso aprovar a anistia, Bolsonaro volta ao jogo. Ele não abriu mão de ser candidato. E se for candidato, essa operação toda vai por água abaixo”.
Respondendo a uma pergunta de um espectador sobre o papel do STF, Rui Pimenta criticou duramente a postura da esquerda pequeno-burguesa: “o pessoal começa a ver o STF como paladino da democracia. Mas Alexandre de Moraes foi ministro do governo Temer, colocado no poder por um golpe organizado nos Estados Unidos. O STF está a serviço da burguesia. O imperialismo apoia o STF, não o Bolsonaro”.
Pimenta também criticou a atuação de parlamentares como Lindbergh Farias (PT), que reivindicou a autoria do pedido de tornozeleira eletrônica para Bolsonaro e acusa Eduardo Bolsonaro de conspiração. “Essa atitude policialesca é perigosa. O Lindbergh diz que tem provas abundantes, mas não mostra nada. Isso lembra a cruzada contra a corrupção: uma farsa total, que culminou na Lava Jato e em perseguições políticas”, disse.
“Estão se empolgando com a prisão do Bolsonaro, mas estão esquecendo que a perseguição judicial não dá certo. Amanhã a mesma arma será usada contra a esquerda — e com ainda mais força.”
Pimenta também comentou a nota publicada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em solidariedade a Bolsonaro. “Tarcísio não pode se afastar do Bolsonaro. Ele não é nada sem ele. Se quiser ser candidato, vai precisar do apoio de Bolsonaro. O que a gente vê agora é um jogo. E a burguesia vai manipular esse jogo conforme suas necessidades”, avaliou.
Assista à entrevista de Rui Pimenta a Leonardo Attuch na íntegra na TV 247:
