Em entrevista concedida à TV 247, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, fez uma análise sobre a atuação da USAID e a crise do imperialismo. O dirigente denunciou que a agência norte-americana é um instrumento de ingerência internacional e que seu desmantelamento pode significar uma mudança importante na política externa dos Estados Unidos.

USAID: o braço do imperialismo disfarçado de ONG

Para Rui, a USAID tem sido um elemento central da estratégia do imperialismo desde sua fundação no contexto da Guerra Fria. “A USAID é uma organização de fachada para financiar a política criminosa do imperialismo norte-americano. Foi fundada no início da Guerra Fria e financiou diversos golpes de Estado, tendo papel decisivo em 1964”, afirmou. Ele relembrou que, durante a ditadura militar, o Acordo MEC-USAID impôs um modelo educacional que abriu caminho para a privatização e degradação das universidades públicas brasileiras.

O líder do PCO caracterizou a USAID como a maior ONG imperialista do mundo, com um orçamento anual que varia entre 50 e 100 bilhões de dólares. Ele explicou que a agência não tem um controle real sobre seus recursos, sendo utilizada como um esquema de lavagem de dinheiro para golpes de Estado. “O dinheiro entra e ninguém sabe para onde vai. Alegam que gastam com coisas humanitárias, mas é evidente que desviam para as oposições”, denunciou. Além disso, Pimenta falou sobre a alegação de que a USAID financia a esquerda, apontando que, mais precisamente, seu apoio se direciona a grupos que servem aos interesses norte-americanos, sejam identitários ou forças de extrema-direita, como foi o caso da Ucrânia e da Venezuela.

A retração do imperialismo e o papel de Trump

Outro ponto abordado foi a crise imperialista e o papel do ex-presidente Donald Trump nesse cenário. Rui destacou que Trump não representa o grande capital internacional dos Estados Unidos, mas sim o capital doméstico, e que sua retórica belicista não deve ser confundida com sua real política externa. “Trump não acredita que seja possível bancar o aparato de policiamento mundial. Ele não está interessado na Síria; acha que isso é algo das petroleiras”, analisou.

O dirigente do PCO alertou para o fato de que a retirada organizada do imperialismo pode não ocorrer conforme os planos de Trump, já que há pressão de diversos setores para que os Estados Unidos continuem intervindo em outros países. No entanto, destacou que, ao contrário da propaganda feita sobre o ex-presidente republicano, foi Joe Biden quem manteve a ofensiva imperialista ao máximo. “Ele tentou manter a Ucrânia até o fim, manter a guerra em Gaza até o fim, organizou golpes de Estado no mundo inteiro”, criticou.

O risco de derrota do governo Lula em 2026

Ao tratar do cenário político nacional, Rui Costa Pimenta alertou que o governo Lula corre sérios riscos nas eleições de 2026, especialmente por não adotar uma política econômica que enfrente os interesses do grande capital. “O problema dos alimentos é grave, e o governo não está fazendo nada”, destacou. Ele criticou a confiança da gestão petista em medidas como a supersafra, apontando que grande parte da produção agrícola é destinada à exportação e que a política fiscal adotada segue a cartilha do neoliberalismo.

A taxa Selic, segundo Rui, continua sendo um entrave para o desenvolvimento econômico e social do país. “Cada ponto de aumento na taxa de juros joga milhares de pessoas na miséria, e essa é a receita do FMI”, denunciou. Para ele, a política econômica do governo precisa de uma guinada, já que a estratégia atual de equilíbrio fiscal não surtirá efeito. “O PT está constantemente em um otimismo, como se a política fosse um jogo de azar”, ironizou.

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Last Update: 08/02/2025