Na última edição do programa Análise da 3ª, transmitido na terça-feira (6) pela Rádio Causa Operária no YouTube, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), discutiu a participação do Partido nas próximas eleições. Confira uma transcrição de um trecho de sua fala abaixo:
Análise da 3ª – 6/8/2024
Primeiro, é preciso destacar o desenvolvimento do PCO em comparação com os outros partidos. Acho que, se somarmos UP, PSTU e PCB, os três juntos não terão muito mais cidades com candidatos lançados do que o PCO. É um primeiro índice do desenvolvimento do PCO, conquistando a pole position da extrema esquerda, o que é um fato importante. Já mostramos o desenvolvimento do Partido nas manifestações pela Palestina. O PCO era majoritário em todas elas. Claro que a eleição é uma coisa complexa.
Segundo, entre nós e o PSTU, há uma distância política muito grande. O PSTU apoia a OTAN na Ucrânia, ficou a favor do golpe de Estado contra o Maduro, no golpe de Estado contra o PT ficou a favor do golpe contra a Dilma, e assim por diante. É um partido decadente, um partido em crise. Por causa da política que eles levaram adiante na questão do impeachment, o partido rachou no meio e metade foi para o PSOL.
A UP está dando a impressão de que é fogo de palha. Na eleição passada, não se sabe como, tiveram umas votações expressivas, maiores do que as nossas. Nós achamos isso muito fora do comum, muito estranho.
O PCB, nem falar. Rachou, também, no meio. Não diria nem que é decadente; se o PSTU está em estado clínico, o PCB está em franca decomposição. O PCB e o racha. Isso é comum porque, quando o partido racha, é difícil a sobrevivência do partido que foi rachado.
Acho que, na eleição, temos que marcar a posição de que somos o partido revolucionário da extrema esquerda, que somos o partido que efetivamente defende a classe operária, que coloca no centro de sua atividade a luta contra o imperialismo.
Uma coisa que muita gente não entende é que, quando falamos em luta de classes, podemos estar falando de muitas coisas diferentes porque há muitas classes, camadas de classe etc. Essencialmente, no mundo hoje, a luta de classes é uma luta entre o proletariado mundial e a burguesia mundial, que é a burguesia imperialista, que domina a maioria dos países. No Brasil, por exemplo, a burguesia local é totalmente dominada pelo imperialismo. Ela pode chegar a ter alguma contradição? Pode, mas, no geral, ela é dominada, não é uma força social independente.
Então, um partido revolucionário, um partido marxista que apoia o seu programa na questão da luta de classes, é um partido que tem que levar adiante uma luta muito séria contra o imperialismo como questão central.
Se quisermos ser muito generosos com o PSTU, diríamos o seguinte: para o PSTU, luta contra o imperialismo não é questão central. Se não quisermos ser generosos, diríamos que eles se alinham ao imperialismo nas principais questões. Qualquer que seja a interpretação que se dê, não é um partido revolucionário no sentido de revolucionário que impulsiona a luta de classes.
Aí, temos a UP. A UP apoia a OTAN, também, na Ucrânia. O PCB é um partido muito confuso, mas, por exemplo, eu não vi a posição do PCB sobre a questão da Venezuela.
PCB, UP e PSTU. São os três partidos de extrema esquerda além do PCO. O PCO tem uma vantagem ideológica, política e, nesse momento, organizativa sobre todas essas organizações. Acho que, nas eleições, temos que fortalecer o PCO, esse tem que ser o nosso objetivo principal.
A situação política no Brasil depende muito da existência de um partido que seja capaz de guiar as lutas populares. Nesse momento aqui, o que a gente tem de partido que possa cumprir esse papel é o PCO. Não dá para dizer que haja outros partidos. O PT, todo mundo sabe, é um partido reformista, não é revolucionário. É um partido que oscila entre a política do imperialismo e o nacionalismo. O PSOL nasceu como partido pequeno-burguês, de deputados que romperam com o PT; se transformou no partido das ONGs, do identitarismo e, agora, está sob controle do Boulos, que é, visivelmente, uma pessoa que joga no time do imperialismo. É o Boric brasileiro. A não ser que eles provem o contrário, mas, até agora, não vimos nada porque o Boulos não se pronunciou nem sobre o genocídio na Palestina.