O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou nesta segunda-feira 20 que o presidente Lula (PT) terá uma agenda mais intensa de viagens pelo País neste ano e concederá mais entrevistas à imprensa, como parte da estratégia de comunicação do governo federal.
As declarações foram concedidas após a reunião ministerial realizada na Granja do Torto, em Brasília, com o objetivo de avaliar os dois primeiros anos de governo e projetar os próximos passos. O encontro ocorreu pouco dias após a polêmica sobre o Pix, marcada pelo recuo em uma norma da Receita Federal devido à reação nas redes sociais.
Na avaliação de Costa, o cenário político tem sido marcado pela disseminação de fake news e de discurso de ódio como ferramenta política. Por isso, disse o ministro, o Palácio do Planalto precisa estabelecer canais diretos de diálogo com a população. Além disso, seria necessário ter o que ele chamou de “centralidade e planejamento” das ações.
“O patamar de disputa política mudou de qualidade. E mudou para pior. As redes digitais propiciaram a propagação do ódio, mentira, segmentação de informação”, observou o ministro. “Nós não podemos permitir que a mentira prevaleça à verdade. Precisamos colocar os fatos e a verdade. Que a mentira corra atrás da verdade e não o contrário.”
A reunião ministerial começou por volta das 9h e durou mais de oito horas. Todos os ministros do governo discursaram e não houve intervalo, segundo relatos de participantes. O almoço foi servido na mesa em que os auxiliares de Lula estavam.
No encontro, o novo chefe da Secom, Sidônio Palmeira, apresentou um plano de ação para ampliar os canais de comunicação com a população. Ele defendeu a “segmentação” de informações divulgadas pelo governo federal, enquanto Lula encerrou a agenda pedindo que os ministros estejam mais na rua.
“A ideia é que o presidente seja mais presente, fale mais com a imprensa e que esteja mais presente nos estados”, afirmou o ministro da Casa Civil sobre o plano. No ano passado, o chefe do Executivo priorizou viagens nacionais como estratégia para fortalecer as alianças nos municípios. Acre e Tocantins sãos únicos estados que não foram visitados pelo petista neste mandato.
Questionado sobre possíveis mudanças no primeiro escalão do governo, Rui Costa afirmou que Lula ainda não tomou decisões sobre o tema. Dois ministros que estiveram no encontro relataram à reportagem, sob reserva, que o presidente disse esperar ter os partidos aliados mais próximos e que se sentará com eles para conversar “em breve”.
No início do mês, Costa disse a jornalistas que o petista tinha o objetivo de bater o martelo sobre eventuais trocas na Esplanada antes da reunião desta segunda, o que não ocorreu. O cenário mais provável, segundo assessores do governo, é que a dança das cadeiras seja anunciada apenas após a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro.