A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, falou sobre a campanha na capital gaúcha e as ações do governo Lula no estado, afetado por enchentes em maio.
A parlamentar esteve na linha de frente durante os primeiros dias críticos da tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul. Ela destacou o papel do governo federal nas operações de socorro.
“O governo do presidente Lula já destinou R$ 93 bilhões para reconstrução do estado, em todas as áreas, sobretudo para os que mais precisam, inclusive uma política pública direta para a população, porque mais de 200 mil famílias já receberam o auxílio reconstrução no valor de R$ 5.100. Tem o compromisso também das moradias, da recuperação das escolas, tem muita coisa acontecendo”, disse Rosário.
“O presidente Lula tem sido essencial, porque nós vivemos lá um tempo muito difícil. Eu percebo que o presidente conseguiu sentir o que o povo gaúcho estava sentindo, como é a característica dele, e ir pra linha de frente com a gente, trabalhar para resgatar, melhorar e apoiar sem olhar quem era o prefeito, quem era o governador, do jeito dele, olhando para o povo”, acrescentou.
Também foi essencial o aparato estatal com o apoio de helicópteros e barcos do Exército, da Força Nacional do SUS com a vacinação da população e da Força Nacional do SUAS com do acolhimento dos desabrigados e desalojados.
“Ainda bem que nós tivemos a presença do governo federal para aquela que foi uma operação humanitária em solo brasileiro, como nós nunca tínhamos feito no Brasil. E o governo Lula não se omitiu desde o primeiro momento, de modo que o presidente já foi quatro vezes ao Rio Grande do Sul”, disse a deputada do PT.
“Também temos o ministro extraordinário pela reconstrução do RS, Paulo Pimenta. É muito importante contar com o apoio e o aporte, não só de recursos, mas de tecnologia e condições de trabalho do governo federal e do ministro Pimenta. Muito obrigada também a todos os ministros e ministras e a todas as equipes do governo federal que estão apoiando as nossas cidades e o nosso povo”, prosseguiu Rosário.
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Debate sobre estado mínimo
A tragédia do RS evidenciou a falácia defendida pela extrema direita sobre a valoração do estado mínimo, com a adoração ao neoliberalismo, com o mercado regularizando tudo. A tragédia, infelizmente, mostrou que definitivamente se não fosse o governo federal ajudando nesse processo de reconstrução, colocando bilhões de reais no estado para reconstrução, oferecendo atenção emergencial à população diretamente com recursos para o cidadão para a possibilidade dele comprar móveis novamente, além das casas, os gaúchos estariam em uma situação muito mais complexa.
“Eu acho que nós não devemos enfrentar ou contrapor essa dimensão do povo pelo povo, que foi o sentimento da população, porque a população se sentiu desamparada pelo gestor local, que não estava ali. O gestor nacional não tinha como estar no cotidiano ali, mas a gestão local, sim e é quem precisava estar preparado. Em Porto Alegre, o povo se sentiu desamparado diante das águas que vieram por dentro dos bueiros, que foram tomando a cidade. Das 23 casas de bombas, inicialmente quatro estavam funcionando, depois não funcionaram. É uma situação absolutamente terrível quando o equipamento público não funciona, e chegam e os engenheiros mostrando ‘olha esse é um sistema robusto e deveria estar funcionando, mas não recebeu manutenção.’ Então, é uma gestão muito sem planejamento, atrapalhada, com todo respeito.”
Rosário defendeu que é preciso sair da gestão do desastre, como diz a ministra Marina Silva, para o trabalho de gestão de risco, que antecipa, que tem a Defesa Civil e o sistema de Assistência Social bem organizados.
Disputa para a prefeitura de POA
Com as pré-candidaturas de Rosário e de sua vice, a servidora pública e militante do Psol Tamyres Filgueira, a capital gaúcha tem a chance de eleger pela primeira vez uma chapa puramente feminina. As duas, que representam uma grande frente política que conta com o apoio do PCdoB e do PV, além do PSOL da Rede, lideram as pesquisas de intenção de votos.
“Isso é, pra gente, muito representativo. Em tempos de extrema direita nos rodeando aqui no Brasil e no mundo, liderar essa pesquisa é muito significativo. É uma construção coletiva com Tamyres, uma mulher negra, servidora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e com todas as mulheres das comunidades e dos bairros, com todo mundo que acredita na transformação da cidade. Estamos dispostas a oferecer não apenas o nosso trabalho, mas a nossa vida. É lindo de ver e a gente tá tendo uma sintonia muito importante”, comemorou Rosário.
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Ela também destacou que as duas são mães e falou sobre como isso pode contribuir para um modelo de gestão mais humanizado na capital gaúcha.
“Nós conseguimos ser profissionais nas mais diversas áreas, enfrentarmos todas as questões mais difíceis da gestão e da administração. E carregarmos também a dimensão do cuidado, da atenção e eu acho que a nossa chapa está apresentando esta dimensão. Mulheres que são firmes quando isso é necessário para gestão pública, para administração e também carregam o tema do cuidado, da atenção, da dimensão humana, da gestão pública que ela tem que ter. Essa composição do feminino precisa adentrar muito mais a vida pública do Brasil e eu creio que Porto Alegre pode vir a dar esse passo”, projetou a deputada.
Questionada se a liderança nas pesquisas se dá em virtude das consequências provocadas pelas enchentes, a petista destacou que os episódios expuseram o desmonte da máquina pública da atual gestão estadual.
“Isso é algo que que nós já apontávamos ao longo dos anos, mas se nós não tivéssemos tido a coragem, PT, PSOL, as duas federações, de termos uma construção com o povo e com estas duas mulheres, nós não teríamos agora, a partir deste momento da enchente, uma alternativa. A gente só se torna alternativa quando está presente, e o povo começa a reconhecer, a trabalhar junto”.
“Então essa coragem que é dos partidos, também é dos movimentos sociais, e é a coragem de uma vida. Mesmo quando a extrema direita nos aponta o dedo, tentando nos diminuir como mulheres, nós nos erguemos, levantamos a nossa cabeça, e seguimos em frente porque as nossas causas são importantes para o Brasil”.
Projetos para a prefeitura
A pré-candidata destacou algumas das ações que pretende implementar na capital, caso seja eleita. De acordo com ela, a partir dos desastres ambientais vistos em território gaúcho, se faz urgente combater o egacionismo ambiental e climático.
“Porto Alegre precisa encontrar novas vocações, inclusive para o seu crescimento e desenvolvimento econômico. Toda esta nova economia que a cidade tem que buscar, tem que estar colada com a sustentabilidade, ter baixo impacto na produção e emissão de gases de efeito estufa. Nós precisamos renovar a frota de transporte coletivo a partir da transição energética”.
Ela prosseguiu: “A sustentabilidade ambiental, portanto, é um dos eixos essenciais para a economia e para a qualidade de vida. Então, é pensar o meio ambiente a partir da qualidade de vida em uma cidade que está no centro da mudança climática, uma das mais afetadas do Brasil até o momento.” Além disso, as áreas de cultura, educação e segurança pública também constam nas prioridades da pré-candidata. “O que eu pedirei à cidade é uma oportunidade e a confiança para trabalhar pelas pessoas”.
PT e o projeto de participação popular
Uma das marcas das gestões petistas sempre foi o incentivo à participação popular por meio de instrumentos como o Orçamento Participativo, de promoção da gestão compartilhada, de ouvir o povo na construção dos planos de governo, das políticas públicas e atender as necessidades da população a partir do que ela apresenta.
De acordo com Maria do Rosário, seu programa de governo foi intitulado Plano de Ação Participativo – POAção.
“Estamos criando um programa, com foco na mobilização e estamos chamando de POAção, porque POA é Porto Alegre, é a nossa sigla, é o nosso símbolo, e esse POAção é a forma de participação naquela que é a cidade-marco da democracia participativa. Acho que nós temos, sim, a possibilidade de ampliação muito grande a partir do povo. E isso é o mais relevante para esse momento, para reconstruir a cidade. Porto Alegre precisa ter orçamento participativo para valer, de verdade. E isso é essencial porque, sobretudo neste momento, a gente já via que a gestão pública estava muito destruída”.
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Da Redação do Elas por Elas