Ronaldo Silva, ex-sargento da Polícia Militar e assassino confesso da vereadora Elizabete Franco, prestará seu depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27). Esse será o primeiro depoimento de Silva desde a homologação de sua delação premiada.
A expectativa é que o ex-PM traga novas informações sobre o caso, ocorrido há seis anos. Na ocasião, Elizabete e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos, a tiros, no Rio de Janeiro.
Após o depoimento de Silva, o STF ouvirá Élcio de Queiroz, também ex-policial militar e cúmplice de Silva no crime – Élcio era o motorista do veículo usado no ataque contra a vereadora. A delação de Silva já indicou o envolvimento de figuras de alto escalão, como o deputado federal Chiquinho Brazão, que possui foro privilegiado, o que levou o caso ao STF.
O depoimento de Ronaldo Silva será acompanhado pela Procuradoria-Geral da República, assistentes de acusação das vítimas, e pelos advogados de defesa dos outros réus. Entre os acusados estão os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, o ex-chefe de Polícia Civil Rivaldo Barbosa, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, e o major Ronald Paulo Alves Pereira – todos são apontados pela Polícia Federal como envolvidos no planejamento do crime.
As sessões de audiência de instrução e julgamento têm sido intensas. Nos últimos 10 dias, nove testemunhas de defesa já foram ouvidas, incluindo ex-colaboradores de Elizabete e agentes da Polícia Federal. Esses depoimentos têm sido fundamentais para esclarecer os detalhes do caso e confrontar as investigações iniciais.
Durante as audiências, surgiram momentos de tensão, como o depoimento do agente federal Felipe José, cuja imparcialidade foi questionada pela defesa de Chiquinho Brazão. No entanto, o desembargador Airton Vieira, que preside as sessões, manteve o foco na busca por esclarecimentos sobre o caso, garantindo que as discussões não desviem do objetivo principal.
A delação premiada de Silva trouxe à tona nomes importantes e implicações graves, levando a novos rumos na investigação. A expectativa agora é que o depoimento de Silva no STF traga ainda mais clareza sobre o envolvimento de outros suspeitos e o possível papel de mandantes no crime.
Luís Ferreira, advogado de Rivaldo Barbosa, expressou ceticismo em relação ao depoimento de Silva, sugerindo que ele pode tentar manipular as informações para manter os benefícios de sua colaboração. Ele disse: “Nossa expectativa é que ele mantenha a narrativa mentirosa, talvez agora com algum acréscimo decorrente das informações às quais teve acesso ao longo da instrução.”