Os senadores do PL-RJ: Flávio Bolsonaro e Romário. Foto: reprodução

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm pressionado a Executiva nacional do Partido Liberal por uma postura mais firme em relação ao senador Romário (PL-RJ), que tem apoiado candidatos adversários nas eleições municipais do Rio de Janeiro.

Na capital, o ex-jogador declarou apoio à reeleição de Eduardo Paes (PSD), apoiado pelo presidente Lula (PT), em detrimento de Alexandre Ramagem (PL), candidato de Bolsonaro. Além disso, ele também apoia Rodrigo Neves (PDT) em Niterói, enquanto o PL lançou Carlos Jordy na disputa pela prefeitura.

Essas escolhas têm gerado atritos dentro do partido, especialmente porque Ramagem e Jordy foram indicados diretamente por Bolsonaro para concorrer em colégios eleitorais considerados cruciais para a extrema-direita. A influência de Romário em cargos públicos, especialmente na Secretaria da Pessoa com Deficiência do Rio, onde ele teria contribuído para a nomeação de Helena Werneck e de sua ex-mulher, Danielle Favatto Grijó Costa, também é apontada como um fator nas decisões políticas do senador.

O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, classifica as ações do ex-atleta como “infidelidade partidária” e assegura que o partido discutirá internamente a questão. “O diretório do Rio fez de tudo para que o Romário se reelegesse senador, e, por isso, ele deveria apoiar Ramagem e Jordy. Esse assunto vai ser discutido internamente no PL, tanto no Rio quanto em Brasília. O que o Romário faz é inadmissível”, afirmou Côrtes.

Carlos Jordy, candidato em Niterói, expressou sua frustração com a postura do “baixinho”, afirmando que “nunca contou com o apoio do senador”. Ele sugeriu que o apoio de Romário a Neves “é fruto de mais um acordo para tentar vencer a eleição ampliando a máquina pública com mais uma secretaria loteada”.

Eduardo Paes e Romário. Foto: reprodução

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também se manifestou sobre o caso, descrevendo a situação como “constrangedora” e mencionando que o “herói do tetra” já estava no partido antes da chegada da família Bolsonaro. Flávio indica que uma renovação nos quadros do PL é iminente, destacando que “quem não se sente confortável no PL, em breve, buscará outra casa”. Apesar das tensões, ele não acredita que o caso de Romário resulte em punição imediata.

O senador e ex-jogador, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre as críticas, mas fez uma postagem em suas redes sociais que foi interpretada como uma resposta indireta: “É muito palpite, é muito ‘mimimi’ e ninguém é exemplo de porra nenhuma”, escreveu o senador.

O apoio de Romário a Eduardo Paes e Rodrigo Neves tem gerado especulações sobre uma possível troca de partido. O PSD, partido de Paes, estaria de portas abertas para receber o ex-jogador, segundo o Globo.

O deputado Pedro Paulo (RJ), um dos nomes mais próximos de Paes e da Executiva nacional do PSD, afirmou que “seria um luxo” ter Romário na legenda e fez uma analogia futebolística ao dizer que “o PSD cuidaria do Senador Romário igual o Cruyff cuidou do jogador no Barcelona”. O craque holandês, já aposentado, era treinador do time espanhol quando o baixinho virou o melhor jogador do mundo.

A decisão de Romário de apoiar Neves em Niterói também tem uma explicação, segundo o próprio senador. Ele lembra que, nas eleições de 2022, quando disputava a reeleição, não contou com o apoio de Jordy, que preferiu apoiar Daniel Silveira, então do PTB. “Ele apoiou o Daniel Silveira, que era de outro partido, e ficou tudo certo dentro do PL. Hoje, vou apoiar Rodrigo Neves porque eu acredito realmente que ele seja o melhor para a população de Niterói”, justificou.

 

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Última Atualização: 21/08/2024