O senador Rogério Carvalho (PT-SE) fez um balanço positivo da ida de senadores brasileiros aos Estados Unidos com o objetivo de abrir canais de negociação para evitar a imposição de tarifas aos produtos exportados pelo Brasil. Em entrevista ao canal Real Time, ele abordou os desafios nas relações bilaterais, em um momento que que o governo Donald Trump pretender retomar um cenário geopolítico bipolar, impactando diretamente as relações comerciais e diplomáticas com o Brasil e com o resto do mundo.
“Os EUA desejam estabelecer uma bipolaridade, enquanto o Brasil defende um mundo multipolar, onde os países se relacionam livremente, sem adesão a blocos, e de acordo com seus próprios interesses”, frisou.
Essa visão, segundo o senador, é fundamental para que o Brasil não abra mão de sua soberania e dos interesses do povo brasileiro, sem fazer adesão a nenhum campo, “a não ser o da paz, dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos”.
O senador concluiu que, mesmo que a posição americana não mude no curto prazo, a população dos Estados Unidos pode vir a “cobrar essa fatura com o tempo”, já que é inviável substituir produtos brasileiros essenciais como café, laranja, aço e madeira, o que poderia gerar aumento de preços no mercado americano.
Rogério reconheceu as dificuldades de negociar, a despeito dos esforços do governo Lula, com o envolvimento do vice-presidente Geraldo Alckmin e do Ministério das Relações Exteriores. “Mesmo conversando com interlocutores adequados, a gente não consegue chegar a quem decide, porque não se trata de uma questão comercial, mas política”, afirmou.
No entanto, o senador destacou a recepção positiva por parte dos empresários americanos que possuem negócios com o Brasil e das empresas brasileiras atuantes nos EUA. A pedido da missão brasileira, os americanos entregarão uma carta conjunta solicitando o adiamento de medidas tarifárias.
“Parlamentares, tanto democratas quanto republicanos, veem o Brasil como um exemplo de parceiro que os EUA deveriam buscar e consideraram absurdo usar tarifas como arma política para beneficiar Jair Bolsonaro, desvinculando a questão de qualquer lógica comercial”, afirmou.