
Um meme compartilhado pelo músico Roger Moreira, vocalista do Ultraje a Rigor, acusa Fábio Vaz de Lima, marido da ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), de ser “o dono da maior parte das serrarias clandestinas no Pará” e “o maior contrabandista de mogno da região Norte”. A peça diz ainda que ele teria se beneficiado do cargo da esposa. Grossa mentira.
A origem do boato remonta a 2004, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) auditou a doação de quase 6 mil toras de mogno apreendidas pelo Ibama à ONG Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). O TCU questionou a escolha da entidade e a avaliação financeira da madeira, mas não encontrou qualquer irregularidade que configurasse crime ou contrabando, tampouco citou Fábio Vaz como beneficiário.
Em 2011, durante debate no Congresso, o então deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) repetiu a acusação e, dias depois, reconheceu que falara “de cabeça quente”. A própria Marina solicitou ao Ministério Público Federal que investigasse o assunto. A Procuradoria-Geral da República concluiu, em 2013, que não havia “fato delituoso a ser apurado” nem contra a ministra nem contra o marido e arquivou o caso.
Isso é verdade, @grok? https://t.co/GeFGEpbFyr
— Roger Rocha Moreira (@roxmo) May 31, 2025
Fábio Vaz de Lima jamais foi investigado por possuir serrarias ilegais ou contrabandear madeira. Sua única ligação remota com o episódio é ter sido, nos anos 1990, um dos fundadores do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), ao qual a Fase era filiada. Quando Marina assumiu o ministério, em 2003, ele já não mantinha vínculos com o GTA.
Apesar dos desmentidos oficiais, o boato reapareceu nas campanhas eleitorais de 2014 e 2018 e agora volta a circular, impulsionado por publicações de figuras públicas como Roger. Especialistas em checagem alertam que a repetição sistemática de conteúdos falsos nas redes sociais visa minar reputações e confundir o debate público.
Procurado pelo Estadão Verifica, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou. Já o meme foi classificado como “conteúdo enganoso” pela equipe de verificação do jornal, que reforça: não há qualquer prova ou indício de que Fábio Vaz de Lima seja dono de serrarias clandestinas ou tenha contrabandeado mogno.