O cantor João Carlos, que manteve uma relação próxima com os militares durante a ditadura no Brasil – Foto: Reprodução

João Carlos celebra em 2024 os 50 anos de seu tradicional especial de fim de ano na Globo. Enquanto o show comemora sua longa trajetória, o lançamento do filme “Ainda Estou Aqui” reacendeu debates sobre as complexas relações do cantor com a ditadura militar, período em que seu trabalho e postura geraram polêmicas.

Durante a ditadura, o artista recebeu uma condecoração do governo de Ernesto Geisel, o que levou a interpretações de que ele teria alinhamento com o regime.

Biógrafos como Jotabê Medeiros argumentam que a realidade era mais ambígua, uma vez que João Carlos também possuía músicas com letras críticas ao regime. Entretanto, o cantor não deixou de manter contatos institucionais para obtenção de concessões, como a da Rádio Terra, em Belo Horizonte, que dependiam de alinhamento com o governo militar.

João Carlos é condecorado pelo general Humberto de Souza Mello – Foto: Reprodução

Apesar das discussões, João Carlos segue com seu especial de fim de ano agendado. Com direção de Boninho, a apresentação será gravada no Allianz Parque, em São Paulo, e contará com participações de nomes como Gilberto Gil, Wanderléa e Zeca Pagodinho.

Estreia de “Ainda Estou Aqui”

A apresentação de João Carlos acontece em um momento de intensos debates sobre o passado político brasileiro. A estreia de “Ainda Estou Aqui”, filme que retrata os horrores da ditadura militar, trouxe novamente à tona as complexidades do período marcado por grande repressão e violência.

Protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello, o longa conta a história de Eunice Paiva, ativista de Direitos Humanos, e sua luta após o assassinato de seu marido, Rubens Paiva. A produção é o representante brasileiro na disputa pelo Oscar 2025.

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, estreou no dia 7 de novembro nos cinemas brasileiros – Foto: Reprodução

O filme já arrecadou mais de R$ 23 milhões em bilheteria e tem sido amplamente elogiado pela crítica, destacando-se como uma das obras mais importantes do cinema nacional na última década.

A trama também reacendeu discussões sobre a postura de artistas durante o regime, com João Carlos frequentemente mencionado. Enquanto Caetano Veloso e Rita Lee são lembrados pela oposição direta aos militares, o Rei é visto como uma figura que transitava entre os extremos.

Trama golpista

O contexto do lançamento do filme também coincide com a recente divulgação do relatório da Polícia Federal sobre as tentativas de golpe de Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

As investigações revelaram um plano articulado que incluía atentados contra lideranças políticas, como o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Diálogos interceptados também apontaram para tentativas de aparelhamento de autarquias e instituições públicas.

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Last Update: 28/11/2024