O “novo” Ensino Médio
Por Luís Carlos Silva*
O mais grave não é o Congresso Nacional que aí está (o mais grave da história republicana) haver aprovado a “reforma” educacional de Temer-Bolsonaro, sob encomenda das fundações empresariais, que aprofunda a precarização da educação brasileira e agrava as desigualdades já tão penosas e obscenas.
Uma “reforma” que até mesmo – pasmem! – promove o trabalho infantil, contra tudo o que possamos considerar avanço.
O mais grave nem é o golpe de mão (mais um) do coronel Arthur Lira, para acelerar a aprovação da matéria, cerceando o debate.
O mais grave, mesmo, é a anuência do Governo Lula, manifesta na ambiguidade (por fim desfeita) do ministro da Educação e na tibieza insuperável do líder do Governo na Câmara.
Um fato triste e embaraçoso, que nos cobra uma profunda reflexão.
Ainda a “reforma”
Proclamado o resultado pelo jagunço das Alagoas, o ministro da educação, o líder do governo e as fundações empresariais comemoraram, enquanto estudantes e professores alternavam revolta e desalento.
Ou seja, nosso governo mostrou que sempre teve lado no tema: o ziguezague era jogo de cena, para ganhar tempo.
Um vexame para quem se vangloria de estar sempre “do lado certo da história” – e provavelmente um erro tático, quando não se pode dispensar o apoio (e o voto) de estudantes, profissionais da educação e suas famílias.
Paulo Freire deve estar se revirando no túmulo. Mas a “reforma” foi festejada pelo O Globo.
*Luís Carlos Silva foi presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula. É autor do livro História do presente- conciliação, desigualdade e desafios (Editora Expressão Popular e Books Kindle).
*Com a colaboração de Pedro Silva.
*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.