Rituais, xamãs e as origens da religião.
Por Felipe A. P. L. Costa.
A chave importante para entender a evolução do comportamento humano e a história da humanidade é a questão da morte. A maneira como lidamos com a morte e com os mortos é mais um caso de herança transespecífica.
Há bons motivos para associar a autoconsciência com a realização de rituais que evoquem os mortos. Afinal, o desaparecimento definitivo de indivíduos que até ontem estavam a ombrear conosco é um grande golpe.
Os assombros, as dúvidas e as ansiedades que geram e alimentam perguntas desse tipo costumam deixar marcas profundas e duradouras em cada um de nós.
1. TANATOLOGIA ANIMAL.
Com raras exceções, todos nós nos consternamos com o desaparecimento de pessoas conhecidas, sobretudo no caso de pessoas queridas.
Assim, diferentemente do que imaginam alguns, o mal-estar gerado pela morte de companheiros próximos não é uma exclusividade do animal humano.
2. OS PRIMEIROS FILÓSOFOS.
O xis da questão aqui é a ideia de que a consciência da morte desempenhou um papel de relevo no desenvolvimento das primeiras ruminações filosóficas.
Oriundas da pré-história e cultivadas, quem sabe, em conversas noturnas diante de uma fogueira, essas ruminações teriam dado origem a algumas inovações culturais que nos acompanham há milhares de anos.
3. RUMINAÇÕES FILOSÓFICAS.
Xamãs – digo: todo e qualquer personagem que seja um líder religioso e também um agente de saúde – ilustram bem o trabalho dos especialistas.
À medida que o prestígio e a autoridade desses profissionais se impuseram, os demais integrantes do grupo talvez tenham percebido que valia a pena se esforçar um pouco mais em nome da manutenção de alguém cujo trabalho era tão útil ao grupo.
4. CERIMÔNIAS DE SEPULTAMENTO.
Cerimônias de sepultamento ilustram bem como a questão da morte sempre teve um papel de destaque em sociedades humanas.
5. AS ORIGENS DA RELIGIÃO.
Os sepultamentos coevoluiriam com um traço cultural que é próprio da espécie humana: a religião.
Os traços culturais que se desenvolveram ao longo do tempo incluem animismo, crença em vida após a morte, xamanismo, adoração dos ancestrais e, mais recentemente, adoração de divindades.
NOTAS.
[*] Este artigo contém material extraído e adaptado do livro A força do conhecimento & outros ensaios: Um convite à ciência (no prelo).REFERÊNCIAS.
+ Anderson JR. 2011. A primatological perspective on death. American Journal of Primatology 73: 410-4.
+ Becker, E. 1976 [1973]. A negação da morte. RJ, N Fronteira.
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