Aves em granja
Aves em granja – Reprodução/Agência Brasil

A China decretou, nesta quinta-feira (31), a suspensão imediata de todas as importações de carne de frango e derivados provenientes do Brasil, alegando risco sanitário após a confirmação de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. A decisão, anunciada pela Administração Geral de Alfândegas chinesa, surpreende pela abrangência e expõe a dependência do setor avícola brasileiro do mercado asiático.

O governo brasileiro havia solicitado que qualquer restrição fosse limitada ao município de Montenegro, onde surgiu o foco, mas Pequim manteve a linha dura prevista nos protocolos bilaterais: diante do primeiro caso em granja comercial, o bloqueio torna-se nacional. A medida amplia o embargo parcial em vigor desde o início de maio, quando surgiram os alertas de contaminação em aves silvestres.

Maior comprador mundial de frango, a China destinou ao Brasil quase US$ 10 bilhões em 2024, cifra que equivale a 35 % de todo o comércio global da proteína. O veto repentino ameaça travar um fluxo de embarques que, só no ano passado, respondeu por mais de 4,9 milhões de toneladas exportadas e sustentou milhares de empregos diretos nas plantas frigoríficas do país.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura. Foto: reprodução

No front sanitário, o Ministério da Agricultura contabiliza 13 investigações abertas: uma em plantel comercial, sete em criações de subsistência — distribuídas entre Ceará, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul — e cinco envolvendo aves silvestres em São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Minas Gerais já decretou estado de emergência animal após a morte de gansos, pavões e cisnes-negros em Mateus Leme, reforçando a vigilância em todo o Sudeste.

Pequim endureceu também o controle sobre resíduos alimentares de navios brasileiros, exigindo inspeção aduaneira minuciosa antes de qualquer descarte. Embora a Organização Mundial da Saúde classifique o risco de transmissão do vírus H5N1 a humanos como baixo — historicamente restrito a profissionais que manipulam aves infectadas —, a taxa de letalidade de 52 % em casos humanos reforça a postura precautória chinesa.

Enquanto representantes do Itamaraty e do agronegócio buscam negociar uma reabertura gradual, frigoríficos brasileiros avaliam redirecionar lotes a mercados alternativos no Oriente Médio e na Europa. Analistas temem, porém, que a sobreoferta interna pressione preços e reduza margens num setor que já opera com custos elevados de grãos e energia.

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Last Update: 31/05/2025