O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mandou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) se manifestar em 24h sobre um muro de alvenaria construído na região da Cracolândia, centro de São Paulo. A decisão foi assinada nesta quinta-feira.

Parlamentares do PSOL acionaram a Corte na última quarta-feira com objetivo de conseguir autorização para demolir a parede, que tem 40 metros de extensão e cerca de 2,5 metros de altura.

“A construção do muro, além de ser autoritária, segregacionista e ineficaz, configura flagrante violação de direitos humanos, uma vez que restringe o direito de ir e vir das pessoas em situação de vulnerabilidade social, isolando e segregando ainda mais uma população já tão marginalizada”, disse o partido.

A representação assinada pela deputada federal Luciene Cavalcante, pelo deputado estadual de SP Carlos Giannazi e pelo vereador Celso Giannazi foi apresentada no bojo de uma ação que trata da Política Nacional para a População em Situação de Rua.

O pedido de demolição aportou no STF após o movimento Craco Resiste divulgar uma nota em que denuncia o estabelecimento de um “campo de tortura” no local. Segundo o coletivo, quando são feitas supostas operações pela Guarda Civil Metropolitana ou pela Polícia Civil, as pessoas são obrigadas a ficar sentadas no chão, imóveis por horas, sem abrigo contra sol ou chuva.

“Caso as pessoas não fiquem no espaço delimitado pelo muro e pelas grades, guardas usam spray de pimenta sem aviso prévio. Viaturas circulam pela região em busca de pessoas ou grupos que estejam em outros lugares para coagi-los a ir para o espaço cercado. Caso alguém se indigne com esse tratamento, é preso e acusado de forma irregular de desacato”, diz a denúncia.

A gestão municipal, contudo, nega que o objetivo do muro seja confinar os dependentes químicos e afirma que a construção não foi erguida este ano. Em nota, a prefeitura disse que os tapumes que existiam no local foram substituídos “porque eram quebrados com frequência em partes pontiagudas, oferecendo risco de ferimentos às pessoas em situação de vulnerabilidade”.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 16/01/2025