O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), declarou que não considera uma tentativa de golpe de Estado a invasão às sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro, durante uma sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira.
O emedebista, que se autointitulou “defensor extremista da democracia”, também comparou os atos golpistas à ocupação realizada em 2015 pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em prédios do Ministério da Fazenda, em Brasília.
“[Os bolsonaristas] cometeram um erro gravíssimo, têm que pagar por isso, mas eu acho que está muito distante de a gente poder dizer que aquelas pessoas tinham a intenção de dar um golpe de Estado”, afirmou Nunes, que disse avaliar os atos antidemocráticos apenas como “um atentado contra o patrimônio público”.
A maioria dos envolvidos, prosseguiu o prefeito, eram “humildes, ambulantes e aposentados”. “Cometeram um erro gravíssimo e têm de pagar por isso. Mas está muito distante de a gente poder dizer que aquelas pessoas tinham a intenção de dar um golpe de Estado”, defendeu.
O chefe do Executivo paulistano também criticou a pena aplicada pelo Supremo Tribunal Federal aos responsáveis pela depredação na capital federal e repetiu as comparações do 8 de Janeiro às ações do MTST, movimento do qual o deputado federal e pré-candidato à prefeitura Guilherme Boulos (PSOL) foi coordenador.
A ocupação mencionada por Nunes aconteceu à luz de protestos contra a proposta de ajuste fiscal do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT).
Nas redes sociais, Boulos criticou as falas do emedebista e disse que, ao negar a tentativa de golpe, o prefeito “passou pano para Bolsonaro”. “São Paulo é uma cidade diversa e democrática, não quer um prefeito que abraça a extrema-direita e seus métodos violentos”, escreveu o psolista.