A mais nova edição da Revista Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo, destaca o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro no banco dos réus reforça a reação das instituições ao golpismo que tomou contra do Brasil e tentou derrubar o regime democrático em 2022 e tentou impedir a posse e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. A oitiva faz parte do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado.
A reportagem de capa da Focus destaca que “ao ser questionado nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os indícios de uma trama para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro adotou uma postura conciliadora, negou a intenção de dar um golpe de Estado e afirmou ser, na época dos atos de 8 de janeiro, uma “carta fora do baralho”.
O depoimento foi transmitido ao vivo pela TvPT, pela Rádio PT e pelas redes sociais do partido e marcou o momento mais simbólico da semana de oitivas de réus no processo que apura a tentativa de ruptura institucional após as eleições de 2022. “Não tive reunião com ninguém, absolutamente ninguém, sobre 8 de janeiro. Eu era uma carta fora do baralho. O governo era outro”, afirmou Bolsonaro, ao responder a perguntas do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso e alvo frequente de ataques durante seu mandato.
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A reportagem destaca que ao contrário da postura beligerante que costumava adotar em lives e discursos públicos, Bolsonaro se dirigiu a Moraes de forma respeitosa, chegando a pedir desculpas por declarações passadas. “Era um desabafo, uma retórica. Não tenho indício nenhum, senhor ministro”, disse ao ser confrontado com sua fala, feita durante uma reunião ministerial em julho de 2022, de que ministros do Supremo teriam recebido dinheiro de maneira irregular. “Me desculpe. Não tinha a intenção de acusar qualquer desvio de conduta dos senhores três”, disse, em referência a Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
Jaques Wagner
A edição também conta com uma entrevista exclusiva com o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, reeleito com quase 70% dos votos em 2010 e ex-ministro dos governos Lula e Dilma. Ele participa de processos eleitorais desde 1990 e considera que o calendário eleitoral brasileiro gera uma “falta de fôlego” para pensar em questões estruturantes para o país.
Durante a conversa, Jaques Wagner prevê uma polarização entre o campo progressista e o grupo ligado ao ex-presidente golpista, com os partidos divididos nacionalmente. A formação de alianças para 2026 ainda não está clara e será um “contencioso muito grande”. Ele destacou que não existe plano B para as próximas eleições e que o presidente Lula tem todas as condições de concorrer.
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“Bom, primeiramente, eu acho que o presidente Lula é candidatíssimo em 2026. Eu o acompanho, converso com ele, e eu diria que, do ponto de vista da saúde, ele está muito bem, faz atividade física todo dia, ou seja, ele está, na minha opinião, em “ponto de bala” para ser candidato. Evidente que a eleição e as convenções são daqui a um ano, um ano e um mês, julho, agosto, do ano que vem, então tem muita água para rolar. Mas, para mim, a fotografia, quando me perguntam é sobre o plano B, eu digo que não trabalho com o plano B, só existirá plano B se o presidente Lula resolver declinar de ser candidato, eu não vejo essa possibilidade neste momento”, disse ele.
Da Redação