Santo Padre se opôs a perseguição de povos pelo mundo, defendeu a paz e pediu que a humanidade se articule para acabar com a fome e proteger crianças
A edição mais recente da Revista Focus, publicada pela Fundação Perseu Abramo, destaca o legado do Papa Francisco, que faleceu na última segunda-feira (21), no Vaticano. A publicação ressalta que Francisco colocou os mais pobres no centro das atenções da Igreja Católica. O santo padre defendeu o combate à pobreza, as desigualdades e pediu o fim da perseguição contra os povos oprimidos no mundo.
“O Papa que revolucionou a Igreja com gestos de simplicidade, diálogo sem fronteiras e inclusão radical. Seu pontificado redefiniu o catolicismo ao colocar os pobres no centro, deixando um legado eterno de misericórdia e humanidade”, destaca a Focus em sua reportagem de capa. “Primeiro pontífice latino-americano e jesuíta da história da Igreja, ele se destacou por conduzir um dos papados mais marcantes do século, marcado pela defesa dos pobres, dos marginalizados e pela promoção de uma Igreja mais próxima das periferias do mundo”, segue o texto da reportagem.
A revista destaca que Francisco conduziu um mandato sem luxos e que clamou por mais igualdade entre as pessoas. “Ele logo se tornou símbolo de um papado “em saída”, voltado aos pobres, migrantes, populações indígenas, moradores de rua e prisioneiros. A expressão “periferias existenciais” se tornou central em seus discursos e documentos oficiais”, ressalta.
Durante seu papado, o santo padre destacou a perseguição sofrida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ex-presidente Dilma Rousseff, vítima de um golpe em 2016. Francisco se encontrou com Lula, Dilma, com o ministro Fernando Haddad e outras lideranças da política brasileira e do Partido dos Trabalhadores. Em 29 de maio de 2019, enquanto Lula sofria uma prisão política, o Papa Francisco respondeu a uma carta com palavras de solidariedade.
Leia também – Lula, ao Papa Francisco: “Quero fazer uma campanha para tornar o mundo mais humano”
O pontífice respondia a uma missiva enviada por Lula em 3 de maio daquele ano. Na resposta, Francisco expressou solidariedade diante das perdas familiares do presidente: “Quero […] lhe encorajar, pedindo que não desanime e continue confiando em Deus”, escreveu ao final da mensagem.
O líder da Igreja Católica ressaltou em várias ocasiões seu carinho pelos brasileiros, sua paixão pelo futebol e sua proteção especial pelas crianças e povos comprimidos, como a população da Faixa de Gaza, que sofre com ataques constantes que já deixaram milhares de mortos nos últimos dois anos.
A morte de Francisco gerou comoção global. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de sete dias. Em nota, afirmou que o Papa foi uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo”, e destacou sua atuação em temas como justiça social, mudanças climáticas e desigualdades globais.
Leia também – Papa deixa legado irreversível, por Reimont
“Ele sempre se colocou ao lado de quem mais precisa”, disse Lula. O presidente também lembrou seus três encontros com Francisco: em 2020 e 2023 no Vaticano, e em 2024, durante a Cúpula do G7 na Itália, onde o Papa participou como orador e defendeu o uso ético da inteligência artificial e o fim das armas autônomas letais.
Padre Júlio
A Focus traz uma entrevista exclusiva com o Padre Júlio Lancellotti, que se destaca por sua missão em prol da população de rua em São Paulo. Ele afirma que a passagem de Francisco ainda vai influenciar a igreja por muito tempo “Vamos sentir sua falta física, mas seu magistério permanece”, afirmou Padre Júlio em entrevista à Focus Brasil. “O papel do Papa é confirmar a fé, e Francisco fez isso especialmente para os mais fracos e sofridos. Seu legado é esse relacionamento de amor e confiança com os excluídos.”
O padre lembrou as cartas que enviou a Francisco e a resposta que teve. “Eu mandava muitas fotografias da convivência com a população em situação de rua e presentes. O Papa retribuiu o gesto e enviou para a pastoral seu solidéu, aquele ornamento que o Papa usa na cabeça, que quer dizer ‘só de Deus’, como um gesto de carinho para a população de rua e de confiança em todo o trabalho que é desenvolvido, toda a convivência que temos aqui”, explicou.
ProPatinhas
A Focus destaca que o presidente Lula assinou o decreto que cria dois programas inéditos de proteção aos animais domésticos: o Programa Nacional de Proteção e Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos (ProPatinhas) e o Sistema do Cadastro Nacional de Animais Domésticos (SinPatinhas). As iniciativas marcam um avanço histórico na política pública de bem-estar animal no Brasil, com medidas que vão desde castração e vacinação até a criação do RG Animal, um documento com QR Code que permite a identificação de cães e gatos em caso de perda
Totalmente gratuitos e voluntários, os programas envolvem estados e municípios em ações coordenadas para o controle populacional ético, o estímulo à guarda responsável e o enfrentamento dos maus-tratos.
PTNacional