As retomadas realizadas pelos índios Guarani-Caiouá no município de Douradina, Cone Sul do estado do Mato Grosso do Sul tomaram uma dimensão nacional e o caso está sendo discutido amplamente dentro do governo e tem grande apoio nacional e internacional.

São sete retomadas realizadas pelos índios para a demarcação da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica que possui pouco mais de doze mil hectares demarcados no ano de 2011 e que ainda estão nas mãos de latifundiários e grileiros de terra, cujo processo está paralisado em consequência da decisão sobre o Marco Temporal elaborado pelo Supremo Tribunal Federal.

Desde julho, os Guarani-Caiouá realizaram quatro novas retomadas, Guayrakamby”i, Guaaroka, Yvy Ajere e Kurupa’yty, e desde então sofreram mais ataques dos pistoleiros e do estado, através da polícia militar, e até a criação de um acampamento de pistoleiros a poucos metros das retomadas que atacam diariamente as retomadas.

O acerto em realizar a autodemarcação

Um primeiro debate a ser realizado é o acerto político de realizar as retomadas para autodemarcação das terras indígenas, no caso, da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica. Diante de toda paralisia e a espera pelas instituições por mais de 20 anos, os índios decidiram realizar a autodemarcação para pressionar o governo a demarcar as suas terras por direito.

As retomadas evidenciaram o processo de demarcação numa região remota do país e trouxe a tona o processo de demarcação totalmente paralisado. E mesmo com a violência do latifúndio e do estado controlado pelo tucano Eduardo Riedel, foi uma enorme vitória porque a violência dos pistoleiros e da polícia contra os índios é semelhante ao período anterior as retomadas. Os relatos são de assassinatos, espancamentos e desaparecimentos durante os anos anteriores, então os índios somente deixaram de sofrer violência em silencio e realizaram as retomadas para autodemarcar seu território.

A mobilização dos índios venceu a violência do latifúndio, pedidos de reintegração de posse emitidos pela 1ª Vara Federal de Dourados controlada pela direita, ao acampamento de pistoleiros e ainda há plenas condições de realizar mais retomadas na área para forçar o processo de demarcação.

Esquerda pequeno burguesa atua contra as retomadas e em favor do latifúndio

Apesar de ‘parecer’ apoiar o processo de retomadas e demarcação, as organizações de esquerda e entidades de apoio aos índios atuam para sabotar as retomadas e a luta dos índios.

Diante da violência do latifúndio, Ministério Público Federal e Estadual, partidos de esquerda como PT e PSOL, e Ministério dos Povos Indígenas, controlado pelos psolistas Sonia Guajajara e Eloy Terena, atuaram desde o início para que os índios não avançassem no processo de retomada e costuraram um acordo criminoso contra os índios e apoiado amplamente pelo latifúndio mais atrasado e violento, que é o chamado ‘chiqueirinho’.

A proposta vergonhosa é de que nosso povo guarani abra mão das nossas terras já identificadas e delimitadas, na área total de 12 mil hectares, por uma pequena propriedade de apenas 150 hectares. Ou seja, apenas 1,2% das terras que já foram comprovadas com estudo, que eram utilizadas pelas mais de 100 famílias Guarani-Caiouá das quais foram expulsas recentemente. Essas demarcações de terras minúsculas são chamadas de “chiqueirinho” e retiram a esmagadora maioria das terras dos índios que ficariam para grileiros e latifundiários.

Com esse acordo querem que os índios não realizem mais retomadas na região, beneficiando os latifundiários.

Além dos ‘chiqueirinhos’, a esquerda vai a retomada depois dos ataques que passam na Rede Globo e em vez de apoiar a luta dos índios com recursos financeiros, alimentação, lona para construção de barracos ou enviando pessoas para a reforçar a retomada, o discurso é sempre o mesmo de parar as retomadas para não haver mais violência.

Mas como dissemos anteriormente, a violência é diária mesmo sem retomadas e diante da paralisação das retomadas, os índios passam fome e outras necessidades básicas e o latifúndio continua lucrando enormes quantias às custas das terras indígenas.

E depois dos ataques no último final de semana quando dez indígenas foram feridos violentamente, a visita do Ministério dos Povos Indígenas não foi para dar apoio e sim para convencer os índios a não avançarem em mais retomadas. Importante lembrar que o MPI é muito próximo do latifundiário e organizador da pistolagem Eduardo Riedel e conjuntamente elaboraram a política criminosa do ‘chiqueirinho’, e também seu partido (PSOL) apoiou Eduardo Riedel no segundo turno das eleições e compõe o atual governo, assim como o Partido dos Trabalhadores.

Paralisar as retomadas é vitória do latifúndio

Diante desses acontecimentos vitoriosos para os índios Guarani-Caiouá, a paralisação de novas retomadas é uma enorme vitória para os latifundiários. A esquerda pequeno burguesa e parlamentar quer encerrar as retomadas porque faz parte do governo de Eduardo Riedel, inimigo declarado dos índios e das demarcações, e sua política é um retrocesso para o movimento indígena.

Há uma enorme mobilização de índios do estado e de apoiadores, e esfriar esse processo deixará que a situação da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica continue na gaveta e nada seja feito. E o recuo pode permitir uma violência ainda maior em retaliação a lideranças e integrantes da retomada realizada pelos latifundiários quando a repercussão sobre o caso diminuir.

A criação de comitês de autodefesa e o deslocamento de índios de diversas aldeias e retomadas para Douradina precisa ser organizado para fortalecer as retomadas e vencer o latifúndio. Além de denunciar a política criminosa do chamado ‘chiqueirinho’ e do MPI em querer barrar as retomadas em troca de acordos com o governador Eduardo Riedel.

É preciso intensificar as retomadas diante de toda a atenção nacional e internacional para o caso de Douradina para garantir que o processo de demarcação seja retomado e a violência do latifúndio seja estancada.

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Última Atualização: 11/08/2024