O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, demonstrou preocupação com o aumento de conflitos armados no mundo. O chefe do Itamaraty tratou do tema na abertura de um encontro com negociadores dos países do Brics, em Brasília, nesta terça-feira 25.
“Em termos de segurança, assistimos a um aumento alarmante das crises humanitárias, conflitos armados, deslocamentos forçados, insegurança alimentar e instabilidade política. As necessidades humanitárias crescem, mas as respostas internacionais permanecem fragmentadas e, por vezes, insuficientes”, ponderou Vieira.
Segundo ele, a ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial teve como base duas “grandes promessas”: “um sistema coletivo de segurança centrado na Organização das Nações Unidas e uma visão de prosperidade por meio de um sistema multilateral de comércio baseado em regras”. Entretanto, segundo o ministro, “hoje, as limitações dessas promessas tornam-se cada vez mais evidentes”.
No discurso, Vieira foi além dos conflitos armados e teceu críticas a medidas protecionistas na área econômica. Ele disse que os países do Brics – além do Brasil, a China, a Rússia e a Índia, entre outros, compõem o bloco – precisam “resistir” ao cenário.
“Políticas protecionistas, fragmentação comercial, barreiras não econômicas e a reconfiguração das cadeias de suprimentos ameaçam aprofundar as desigualdades globais. O Brics deve resistir a essa fragmentação e advogar por um sistema de comércio multilateral aberto, justo e equilibrado”, afirmou o ministro.
Indiretamente, Vieira fez alusão às políticas de proteção comercial praticadas pelo governo Donald Trump, nos Estados Unidos. Desde que voltou ao poder, há pouco mais de um mês, Trump vem impondo uma série de tarifas à importação de produtos de vários países, incluindo a China.
O republicano ainda não tomou nenhuma medida diretamente contrária ao Brasil, mas a aplicação de taxas de 25% à importação de aço e alumínio nos EUA tende a afetar a economia brasileira.