As reservas de contêineres da China com destino aos Estados Unidos registraram um aumento de 277% na semana seguinte à decisão conjunta dos dois países de suspender, por 90 dias, a aplicação de tarifas comerciais elevadas. O dado foi divulgado pela empresa Vizion, especializada em rastreamento de contêineres.

Segundo Ben Tracy, vice-presidente da Vizion, a média de reservas dos últimos sete dias chegou a 21.530 unidades equivalentes a vinte pés (TEU), número significativamente superior aos 5.709 TEUs registrados na semana anterior, encerrada em 5 de maio. O levantamento foi publicado na quarta-feira (8) em nota oficial da companhia.

O aumento ocorre após o anúncio feito por autoridades de Pequim e Washington na segunda-feira (6), informando a suspensão provisória de grande parte das tarifas que vinham sendo aplicadas sobre as exportações entre os dois países. Analistas preveem que essa medida possa antecipar o período de alta temporada no transporte marítimo internacional.

De acordo com relatório semanal da plataforma internacional Freightos, divulgado também na quarta-feira, o cenário de incerteza com relação ao futuro das tarifas tende a levar empresas importadoras a acelerar embarques antes do fim do prazo de suspensão.

“Com o prazo final de agosto para possíveis níveis tarifários mais altos, provavelmente veremos o reinício do carregamento antecipado, o que significa um início antecipado e provavelmente uma redução antecipada da alta temporada oceânica deste ano”, apontou o documento.

Empresas do setor confirmam aumento nas reservas. A companhia dinamarquesa Maersk, uma das maiores do mundo em transporte marítimo, informou na terça-feira (7) que percebeu crescimento na procura por seus serviços de rotas transpacíficas desde a divulgação do acordo entre os governos. A empresa alemã Hapag-Lloyd relatou na quarta-feira (8) um aumento de 50% nas reservas em relação à semana anterior.

Apesar da retomada na demanda, os volumes de transporte entre China e Estados Unidos haviam apresentado queda acentuada desde abril, segundo avaliação da Freightos.

Ainda assim, os preços de frete se mantiveram estáveis: cerca de US$ 2.300 por unidade equivalente a 40 pés (FEU) com destino à Costa Oeste norte-americana, e aproximadamente US$ 3.400 para a Costa Leste.

A estabilidade nos preços tem sido atribuída à redução de capacidade imposta pelas transportadoras, que adotaram medidas como cancelamento de viagens (conhecidas como “blank sailings”), suspensão de serviços e uso de navios de menor porte. Segundo a Freightos, a capacidade global foi reduzida em cerca de 22%.

Analistas de mercado apontam que a suspensão das tarifas poderá provocar aumentos imediatos nos valores de frete devido à elevação da demanda.

No entanto, a expectativa é que os preços durante a próxima alta temporada não repitam os patamares do ano anterior, quando as tarifas alcançaram US$ 8.000 por FEU para a Costa Oeste e mais de US$ 9.800 por FEU para a Costa Leste.

A Freightos destacou que as tarifas atuais estão cerca de 30% abaixo dos níveis registrados em igual período do ano passado. Entre os fatores que contribuem para a pressão de baixa sobre os preços estão a ampliação das frotas disponíveis e o aumento da concorrência entre alianças de grandes operadoras marítimas.

Com a recuperação súbita da demanda, especialistas alertam para possíveis impactos operacionais. A Freightos emitiu comunicado recomendando que transportadoras e empresas importadoras se preparem para enfrentar gargalos logísticos nas próximas semanas. A expectativa é de que ocorram atrasos, congestionamentos e dificuldades na alocação de espaço, tanto nos portos de origem na China quanto nos terminais de destino nos Estados Unidos.

A suspensão temporária das tarifas ocorre em meio a negociações mais amplas entre os governos chinês e norte-americano sobre a política comercial bilateral. Não foram divulgados detalhes sobre possíveis prorrogações da medida além do período inicial de 90 dias.

O movimento é acompanhado com atenção por exportadores e importadores de ambos os países, além de operadores logísticos que monitoram o impacto sobre os fluxos globais de comércio.

Embora o aumento imediato nas reservas reflita uma resposta direta ao alívio tarifário, a evolução do cenário dependerá das decisões futuras das autoridades envolvidas nas negociações.

Até o momento, não houve manifestação oficial por parte dos governos sobre a possibilidade de transformar a suspensão temporária em acordo de longo prazo.

Com informações da SCMP

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Last Update: 15/05/2025